São Paulo, quarta-feira, 2 de março de 1994
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9 de Julho ganha escadas inúteis

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo termina nos próximos dias a construção de duas escadas próximas às saídas do túnel da avenida 9 de Julho –do lado do centro da cidade. O problema é que a própria prefeitura não sabe para que elas vão servir. Além de inúteis, elas podem contribuir para aumentar o número de atropelamentos no local.
Ontem, após 58 dias do início das obras, foi criada uma comissão para estudar o assunto na SAR (Secretaria das Administrações Regionais).
Construídas simetricamente, uma de cada lado da avenida, elas ligam as ruas engenheiro Monlevade (à direita, de quem olha no sentido centro-Jardins) e Professor Picarollo (no lado oposto, onde fica o prédio da Fundação Getúlio Vargas) à calçada da 9 de Julho.
Quem vem do Masp e deseja chegar a um dos prédios da avenida –como o da FGV– faz isso mais rapidamente se continuar nas ruas Engenheiro Monlevade ou Professor Picarollo. O fim das duas escadas é no calçadão, a poucos metros das saídas do túnel. Elas só seriam úteis para quem deseja atravessar o túnel a pé.
Mas o principal problema das escadas é que elas podem ser usadas para "cortar caminho" até os pontos de ônibus que ficam no centro da avenida. As pessoas chegariam até o calçadão e atravessariam as duas pistas de alta velocidade da avenida para chegar aos pontos. Hoje, sem as escadas, as pessoas descem as ruas Engenheiro Monlevade e Professor Picarollo, que terminam próximo à passarela que liga a calçada aos pontos.
Segundo o arquiteto Pedro Taddei, responsável pelo projeto da reforma do túnel da 9 de Julho, as escadas seguem o traçado de uma trilha já existente no local, aberta no meio da vegetação pelos próprios pedestres. "Além disso, as escadas fazem parte do projeto inicial do túnel, mas ainda não haviam sido executadas", diz. Taddei afirma que a idéia de construir as escadas foi da prefeitura, e reconhece que sua utilização "deve ser muito pequena".
Ontem, o vereador Adriano Diogo (PT) encaminhou um "pedido de informações" à SAR sobre a utilidade das escadas e seu custo. "Me parece mais um caso de desperdício de dinheiro público, com o agravante que vai piorar a segurança no local", diz. A denúncia foi levantada pelo suplente de vereador Carlos Zarattini (PT). As obras de reforma no túnel vão custar US$ 1 milhão.

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