São Paulo, quarta-feira, 2 de março de 1994
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Filho de deputado federal é sequestrado

DA SUCURSAL DO RIO

O empresário Luis Felipe Raunheitti, 37, filho do deputado federal Fábio Raunheitti (PTB-RJ), foi sequestrado por volta das 6h35 de ontem quando praticava corrida em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense, a 40 quilômetros do Rio). Segundo a polícia, o pedido inicial de resgate, feito por telefone na tarde de ontem, foi de US$ 2 milhões (CR$ 1,2 bilhão).
Três testemunhas disseram na 52ª Delegacia Policial (Nova Iguaçu) que Luis Felipe Raunheitti foi abordado por três homens que chegaram num Escort branco na rua coronel Francisco Barone, uma das movimentadas do bairro K 11. Segundo o relato de um operário e de dois moradores da rua, o empresário foi colocado no carro enquanto um outro automóvel, com cinco ocupantes, dava cobertura à ação.
PedidoNo início da tarde, Fábio Raunheitti, que tem pedido de cassação feito pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apurou desvios de verbas no orçamento da União, esteve na DAS (Divisão Anti-Sequestro). Ele teria pedido ao delegado Hélio Vígio que ficasse afastado do caso.
Um policial da DAS disse à Folha que, enquanto estava na divisão, o deputado foi informado pela família do pedido inicial de resgate no valor de US$ 2 milhões. Familiares ouvidos pela repoprtagem em seguida, porém, negaram que tivesse havido o contato com os sequestradores.
Luis Felipe é um dos três filhos do deputado. Ele dirige a Sesni (Sociedade de Ensino Superior de Nova Iguaçu), que engloba uma universidade, uma escola de aplicação e um hospital-escola. A entidade foi citada no relatório da CPI como tendo recebido subvenções de US$ 16,9 milhões, entre 89 e 92.
FamíliaO sogro de Luis Felipe, Abílio Távora, disse que a mulher do empresário, Márcia, "está descontrolada". O casal tem dois filhos: Vivian, 5, e Caio, 4. Abílio, dono de uma pedreira no mesmo município, já teve um irmão sequestrado. "Vamos procurar manter a calma para resolver tudo da melhor forma", afirmou.
Luis Felipe costumava correr cinco quilômetros, de sua casa até a sede da Sesni, todas as manhãs. Ele não costumava andar protegido por seguranças. Uma das testemunhas do sequestro de ontem disse na delegacia que as únicas palavras do empresário para seus sequestradores antes de ser jogado no interior do Escort foram: "Que é isso, meu irmão?".

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