São Paulo, quarta-feira, 2 de março de 1994
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Empresas têm dúvidas para converter salários

DA REPORTAGEM LOCAL

As diretorias de grandes empresas passaram o dia de ontem em reuniões para entender as novas regras para o pagamento dos salários, previstas na Medida Provisória 434, e decidir como aplicá-las. Fazer o pagamento em cruzeiros reais com base no valor da URV do dia do recebimento é uma das principais dificuldades que as empresas vão enfrentar.
Atualmente as folhas de pagamento da maior parte das empresas são preparadas com cinco a sete dias de antecedência. Também não está claro para os departamentos encarregados de aplicar as novas normas o que fazer com os descontos feitos na folha de pagamento –impostos, seguro-saúde, contribuições etc.
Antonio Carlos Bueno, diretor-administrativo do Banco Real, disse que haverá grandes alterações nos programas de computador utilizados para elaborar a folha de pagamento dos 23 mil funcionários do grupo. "Embora a Medida Provisória permita pagar o salário com base no valor da URV vigente até três dias antes da data do recebimento, o Real pretende pagar com base na URV do dia. Vamos fazer uma estimativa do valor da URV. A diferença, se existir, será acertada depois", diz Bueno. "Já estamos passando todos os salários para URV. Para o pagamento do dia 20 a folha precisa estar pronta dia 17."
O Pão de Açúcar também prevê dificuldades para adaptar sua folha de pagamento às novas regras. Para Maria Aparecida Fonseca de Oliveira, gerente de recursos humanos da empresa, a medida provisória não é muito clara em vários pontos. "Como converter em URV, por exemplo, as compras que os funcionários fazem nas nossas lojas e que são descontadas no holerite, se a MP não prevê conversão de preços em URV?", pergunta Maria Aparecida.
O Pão de Açúcar, que tem 17 mil funcionários está alterando seus programas para que os valores do salário e dos descontos apareçam em URV e em cruzeiros reais, para facilitar o controle por parte dos empregados.
Na Sharp, Mappin, American Express e General Motors a medida provisória ainda está sendo estudada. Somente nos próximos dias decidirão como cumprir com os prazos da medida provisória. No Unibanco, que tem 19 mil funcionários, os ensaios vêm sendo feitos antes mesmo do anúncio do plano. Ontem uma reunião de equipes de diversos departamentos fazia uma avaliação da situação.
"O grande desafio é como transformar em uma noite salários em URV para cruzeiros reais", afirma Araci Garcia, superintendente de desenvolvimento de recursos humanos do banco. "Ainda não temos a nossa saída. Muitos programas terão que ser alterados e nós nem sabemos quantos ainda."
Herbert Steinberg, diretor de recursos do Citibank do Brasil, diz que a empresa montou uma "força-tarefa" para encontrar as soluções. "O momento é de dúvida, estamos aprendendo em pleno vôo", afirma Steinberg.
Ele diz que o banco está convertendo os salários em URV a partir de 1º de março, mas ainda não sabe como proceder em relação aos descontos em folha. "A MP não deixa claro se os descontos devem ser convertidos em URV", diz.

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