São Paulo, quarta-feira, 2 de março de 1994
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Quadrinhos e Aids

Merece elogios a iniciativa de se distribuir entre os presos da Casa de Detenção de São Paulo uma revista em quadrinhos que incentiva o uso de preservativos nas relações sexuais. Os elogios se transformam em aplausos quando se considera que pelo menos 17% dos 4.500 presidiários dessa instituição são portadores do vírus da Aids.
Não é preciso um doutorado em pedagogia para saber que um aprendizado é muito mais eficiente quando é realizado com prazer e quando a abordagem do tema diz respeito à vida real daquele a quem se pretende ensinar.
Os quadrinhos atendem plenamente a esses dois quesitos. De um lado, com linguagem e imagens bastante diretas, a publicação é lida com prazer. De outro, o fato de o herói ser um ex-presidiário tende a criar uma relação de identificação entre o público-alvo e o protagonista, aumentando as chances de a mensagem ser assimilada.
Já é hora de campanhas como essa se multiplicarem. E é a sociedade civil que reúne melhores condições de se erguer contra aqueles que se empenham em sabotar as ainda tímidas ações do Estado nessa área. Inaceitável é que falsos pudores e crenças desgastadas trabalhem contra a vida.

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