São Paulo, sexta-feira, 4 de março de 1994
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Varejo vai comprar só em URV

DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercados pretendem comprar exclusivamente em URV a partir do próximo 15, depois que o governo baixar portaria para viabilizar o indexador nas operações entre as empresas. José Milton Dallari, secretário especial de preços, disse que nova portaria do Ministério da Fazenda será colocada em vigor até a próxima terça-feira.
Esta foi a alternativa adotada pelo governo para tirar os negócios do marasmo que persiste desde a edição da MP 434, que instituiu a URV, na segunda-feira passada.
Representantes da indústria, comércio e varejo se reuniram ontem em São Paulo com o secretário especial de preços para elencar suas dúvidas sobre a introdução da URV. Levy Nogueira, presidente da Associação Brasileira de Supermercados, disse que os negócios estão paralisados devido às indefinições.
Os supermercados informaram que querem comprar em URV e manter os preços em cruzeiros reais nas prateleiras e nas caixas registradoras até a introdução do real. Alegam dificuldades para colocar em prática a atualização da URV diariamente.
A principal dúvida para a adoção da URV entre as empresas diz respeito ao artigo 10 da MP 434, que estabelece a obrigatoriedade do uso do novo indexador nas compras com prazo de vencimento superior a 30 dias
Como esse tipo de contrato estará atrelado, mesmo nas compras a prazo, a um número fixo em URVs, existe a dúvida de como deverá ser procedido o recolhimento do ICMS. Atualmente, à exceção do Estado de São Paulo, que antecipou o recolhimento do tributo a cada dez dias, o ICMS acaba incidindo também sobre o custo financeiro.
Outra questão diz respeito ao desconto de duplicatas em URVs. Varejo e indústria querem ainda regras de como será a cobrança dos juros nos contratos expressos em URV. Edmundo Klotz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Supermercados, avalia que o Banco Central terá que deixar claro normas para a questão.
A paralisação das compras dos supermercados pode levar fornecedores de porte médio a ter dificuldades para realizar a folha de pagamento, conforme a Folha apurou ontem junto à grandes empresas de factoring de São Paulo. O volume de duplicatas descontadas nos primeiros dias de março caiu praticamente à zero.
°O varejo quer um prazo de pelo menos 90 dias para adaptar suas máquinas registradoras -cerca de 400 mil, em todo o país- quando a utilização do Real entrar em vigor. José Milton Dallari prevê a adoção da nova moeda entre junho e julho próximos. (MM)

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