São Paulo, sexta-feira, 4 de março de 1994
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Inflação de fevereiro cai para 38,19%

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação de fevereiro recuou para 38,19%, após ter atingido 40,3% em janeiro. Apesar desta desaceleração na taxa mensal, houve pressão nos preços na última semana de fevereiro. A taxa do final de mês ficou 1,15 ponto percentual acima dos 37,04% da terceira quadrissemana.
As informações são de Juarez Rizzieri, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Para Rizzieri, a puxada de preços na quarta semana não se deve à implantação da URV, mas a uma reversão de tendência nos preços dos alimentos. Estes mesmos produtos que foram os principais responsáveis pela desaceleração da taxa de fevereiro em 2,11 pontos percentuais sobre janeiro, voltaram a pressionar o índice no final do mês passado.
Além dos alimentos, auxiliaram na queda da taxa no mês passado os menores aumentos nos setores de vestuário, educação e licenciamento. Já aluguel, cigarro, bebidas, artigos de higiene, de beleza e água e esgoto impediram queda maior da taxa.
Os aumentos no setor de alimentação na última semana do mês foram bem localizados e ocorreram em maior intensidade nos produtos sazonais, segundo Rizzieri. Os mais fortes vieram de feijão, que acumula 84,15% no mês. Os legumes subiram 22,97% em fevereiro, bem acima dos 8,33% da terceira quadrissemana. A batata, com o aumento da última semana, acumulou 116,48% no mês. Já a cebola ficou 81,36% mais cara e a carne bovina teve variação de até 40,94%.
O grupo dos produtos "in natura" foi o que registrou a maior aceleração na última semana do mês. Os reajustes médios constatados pela Fipe foram de 45,21%, contra 35,44% na terceira semana do mês.
Já no setor de alimentos industrializados, onde os aumentos poderiam ser uma prevenção contra a implantação da URV, os reajustes foram pequenos, com a taxa da quarta semana subindo para 39,98%, contra 39,73% na terceira. No final de janeiro a alta havia sido de 40,08%.
O custos de habitação também subiram na última semana do mês. A alta foi de 38,67%, contra 37,43% na anterior. As pressões vieram de tarifas (38,37%) e aluguel (39,47%).
A Fipe constatou aumentos também no setor de despesas pessoais. A elevação média foi de 38,4%, contra 35,51% na terceira quadrissemana do mês. Os reajustes de bebidas ficaram em 35,56% e os de higiene e beleza, 41,48%.
Entre os grupos que mantiveram tendência de baixa nesta última semana, estiveram transportes, vestuário e educação. No setor de saúde, a taxa de reajuste foi mantida em 43,32%, devido à continuidade do aumento dos remédios (40,73% em fevereiro).
A inflação acumulada nos últimos 12 meses terminados em fevereiro subiu para 3.051,41%. Os campeões de alta foram remédios (4.598%), livros didáticos (4.475%), transportes urbanos (4.219%) e alimentos semi-elaborados (3.406%).
Juarez Rizzieri diz que as previsões de inflação para este mês ficaram difíceis. Mesmo assim, arrisca uma taxa entre 40% e 41%. Rizzieri acha que o clima que está se criando de que tudo está subindo pode ser um novo alimentador da taxa.

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