São Paulo, sexta-feira, 4 de março de 1994
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Reforminha

As mais recentes indicações para cargos do primeiro escalão do governo vieram finalmente concluir uma reforma ministerial que, em alguns casos, se arrastavam já há quase três meses. Chama a atenção, desde logo, que num país que já conta com fatores de instabilidade de toda sorte, protelar uma situação de indefinição relativa à própria composição da equipe ministerial é atitude que merece reparos.
No total, sete pastas foram atingidas, sendo que algumas tiveram seus ocupantes interinos efetivados –caso de Leonor Franco no Bem-Estar Social e Djalma Moraes nas Comunicações– e outras receberam novos titulares, como o general Rubens Bayma Denys nos Transportes e Aluízio Alves para a Integração Regional. A mudança mais importate, de todo modo, parece ser a da escolha do senador Beni Veras (PSDB-CE) para o Ministério do Planejamento.
A pasta do Planejamento, como se sabe, é a mais próxima da Fazenda e a indicação de Veras nesse sentido vem fortalecer a posição de Fernando Henrique Cardoso. O senador, afinal, é do mesmo PSDB e intimamente ligado ao presidente do partido, Tasso Jereissati, que vem sendo citado como possível substituto de Fernando Henrique se este se desincompatibilizar do cargo para disputar a Presidência.
A escolha de Veras, de toda forma, tem o efeito de conceder mais coesão para a equipe econômica. Desejável sempre, essa unicidade torna-se ainda mais crucial no momento em que se navegam as águas pouco conhecidas de um novo plano econômico. Sua indicação deve portanto ser saudada.
Deve-se lamentar, por fim, que o governo tenha desistido da sua intenção de extinguir os ministérios da Integração Regional e do Bem-Estar Social. Perdeu-se com isso uma boa chance de dar um passo inicial rumo a um processo efetivamente profundo de reforma administrativa, que promova o enxugamento e a racionalização do Estado há tanto necessários ao país.

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