São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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Saída de FHC não afeta plano, diz Itamar

Para presidente, candidatura depende do ministro

AMÉRICO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A LA GUAIRA, VENEZUELA

O presidente da República, Itamar Franco, disse ontem em La Guaira (20 km de Caracas, na Venezuela) que a eventual candidatura do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, não afetará o plano econômico do governo. Itamar afirmou que a candidatura depende apenas da vontade do ministro e do desejo do PSDB e das "forças coligadas que por acaso vão surgir" durante a campanha. Ele não deu nenhum exemplo das possíveis coligações que o PSDB pode vir a fazer.
Itamar negou ter conhecimento das articulações do líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS), para viabilizar a candidatura de FHC. Simon propôs anteontem que o ministro deixe o cargo e assuma o seu próprio posto, de líder do governo no Senado. Com essa proposta, FHC poderia continuar conduzindo as negociações do plano no Congresso Nacional. Itamar acrescentou apenas que esteve com o senador e que "ele não me disse do desejo de transformar o ministro numa possível liderança no Congresso". "Creio que o ministro, por ser um senador, já é uma liderança dentro do Congresso", afirmou.
O presidente também descartou a possibilidade de deslocar o ministro indicado do Planejamento, senador Beni Veras (PSDB-CE), para ocupar o Ministério da Fazenda, na hipótese de FHC se desincompatibilizar. "Eu não raciocino com a hipótese do ministro deixar o governo", disse.
Itamar disse que indicou Veras porque não "seria crível" indicar um ministro do Planejamento que não fosse "afinado" com o plano econômico. Para o presidente, Veras "é um homem estudioso", que demonstrou "em sua ação pessoal" intimidade com os assuntos do posto.
Itamar comentou também os outros nomes envolvidos na minireforma ministerial feita esta semana. Ele justificou a indicação de mais um militar para o primeiro escalão (o general Baume Deny vai assumir o Ministério dos Transportes) com o argumento de que o seu governo "tem demonstrado que não há dicotomia entre civis e militares".
A indicação do deputado Aloízio Alves (PMDB-RN) para o Ministério da Integração Regional foi um pedido do próprio partido. Segundo o presidente, o nome de Alves foi discutido com o presidente do Congresso Nacional, senador Humberto Lucena (PMDB-PB), que o aprovou.

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