São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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O reflexo da URV sobre os outros índices

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

O reflexo da URV sobre os outros índices
Fipe já reflete remarcações pré-plano e aumento de básicos compromete crescimento do setor de alimentos
O IPC da Fipe do mês de março deve refletir as remarcações de preços pré-plano econômico, conforme previsão do "DV Inflação". O índice do mês de fevereiro, de 38,2%, já embutiu parte dos altos reajustes de preços registrados antes da criação da URV.
Se o ritmo das remarcações de preços se reduzir, daqui para o final do mês, o índice da Fipe de março deverá ficar em torno de 39,8%. Caso contrário, a previsão será de um índice situado num intervalo entre 40% e 41%.
A maior responsabilidade pelo aumento mostrado pelos índices cabe ao setor de alimentos, que tinha registrado um grande acréscimo de vendas no início do ano, devido à melhora sazonal de alguns preços e ao incremento de renda de fim de ano.
Agora, em função dos grandes aumentos efetuados no decorrer do mês de fevereiro, o setor já deve registrar uma desaceleração no crescimento, com a queda da demanda.
O que ocorre, no setor de alimentos, é um círculo vicioso: grande parte do movimento de vendas (alimentos básicos) é dado pelos consumidores de baixa renda. O ganho que eles terão, com a conversão dos salários em URV pela média, ameaça ser absorvido pelo aumento acima da média dos preços dos produtos alimentícios, a permanecer o ritmo atual de remarcação.
Desta forma, o setor de bens não-duráveis se apropriaria de parte dos ganhos salariais e aumentaria em pouco a produção, beneficiando-se com o Plano FHC.
Já o setor de bens duráveis poderá se beneficiar de outra forma: os seus bens são consumidos por um público de maior renda, que representa um poder de compra muito superior e que compromete relativamente muito menos a renda com gastos em alimentos.
Estes poderão reverter o ganho da indexação dos salários em compras de bens do setor. Como o setor está mais sujeito à concorrência externa, os ganhos de renda poderão se traduzir em aumento de produção, em especial no setor eletrônico, beneficiado, também, pelo "efeito Copa do Mundo".
Projeções
O departamento econômico da "Agência Dinheiro Vivo" projeta um IPC-Fipe de 39,81% para o mês de março, com a desaceleração no ritmo das remarcações. O acumulado em 12 meses saltaria, nesta hipótese, para 3.051,64%. Para abril, a projeção é de 43%, o que elevaria o acumulado em 12 meses para 3.420,54%.
O "Leading Comércio Duráveis", indicador de crescimento produzido pelo departamento econômico da "Agência Dinheiro Vivo", já detectou a aceleração de crescimento das vendas do setor para os próximos meses, assim como a contenção da tendência de crescimento registrada no setor de não-duráveis no início do ano.

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