São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Para técnico do PSG, falta confiança a Raí

FERNANDA SCALZO
DE PARIS

Para o português Arthur Jorge, técnico do Paris Saint-Germain, o problema de Raí atualmente não é "físico, nem técnico, nem tático", e sim de "confiança", algo que se resolve "marcando dois ou três gols". Jorge disse que o fato de Raí, capitão da seleção nas eliminatórias, ter ficado fora do último jogo do PSG "não deve alarmar ninguém". Veja os principais trechos da entrevista do treinador à Folha, após a vitória de sua equipe sobre o Real Madrid por 1 a 0.
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Folha - Como fica o Raí no PSG depois deste primeiro jogo fora do campo?
Arthur Jorge - Olha, nós temos 20 jogadores aqui. A esta altura, se tudo correr bem, vamos ter 18 jogos decisivos até o fim do campeonato, de dois em dois dias, três em três dias. Eu penso que não temos gente demais. Ele estará sempre disponível, como todos os outros. Esta é uma situação perfeitamente normal, que não deve alarmar ninguém.
Folha - Mas ele veio para cá como uma estrela e ficou na tribuna no jogo contra o Real Madrid pela Recopa...
Arthur Jorge - Não concordo com você. Raí chegou a Paris muito mal. Quando ele veio para cá a expectativa era muito grande, porque ele não estava jogando bem. É verdade que por várias razões que eu acho que têm a ver com a mudança de condições. Ele jogava no Brasil um futebol mais lento, em terrenos diferentes, e veio para a Europa com muita chuva e muita neve, um jogo mais rápido. Tem a ver também com sua nova maneira de viver, a família, um conjunto de situações completamente diferentes. Enfim, ele está fazendo sua adaptação. Acho que em termos de treino as coisas vêm correndo melhor. É verdade que nos jogos ele ainda não mostrou o que tem para mostrar. Acho que o problema do Raí neste momento não é físico, nem técnico, nem tático. É de confiança. É apenas a sorte de marcar dois ou três gols, e quando isso acontecer ele vai melhorar.
Folha - Dentro da equipe não há nenhum problema?
Arthur Jorge - Não, não há. O grupo é bom. Acho que ele foi muito bem recebido aqui. Aliás ele é uma pessoa ótima, super bem-educada, uma pessoa que se relaciona bem com todo mundo.
Folha - O senhor acha que não ter jogado diante do Parreira teria prejudicado o Raí?
Arthur Jorge - Não, acho que não. Eu não o vi, ele esteve lá?
Folha - Esteve.
Arthur Jorge - Na minha opinião, o que me disseram, é que ele vinha à Europa para ver jogos de futebol, não só para ver o Raí ou o Valdo. Não me parece que isso possa alterar o que quer que seja. Estou convencido de que o Brasil vai levar aos EUA 22 jogadores e que o Raí estará entre eles.
Folha - O senhor acha que a adaptação do Raí está dentro do esperado?
Arthur Jorge - Como eu disse, nos treinos ele está bem. Todos os meses ele está melhor. Simplesmente é verdade que nos jogos, por isso ou por aquilo, não tem tido muita sorte. Tem várias possibilidades de marcar gol e não marca. Acho que ele está passando por isso agora, mas já passou por outros períodos assim na vida e conseguiu vencê-los. Este também vai passar.

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