São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Andre Agassi fatura alto até sem vencer

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

O norte-americano Pete Sampras é o número 1 do ranking da ATP, com seus 11 títulos nos últimos 12 meses. Mas é seu compatriota Andre Agassi quem lidera o ranking que mais interessa aos melhores tenistas do mundo, aquele que mostra quanto faturam com publicidade. Agassi abocanha os melhores contratos da praça, apesar de ter amargado um jejum de títulos de um ano, quebrado apenas no domingo passado com a vitória em Scottsdale.
Agassi está na modesta 31ª posição do ranking da ATP, mas continua sendo um produto mais quente para os anunciantes do que o eficientíssimo Sampras. Segundo a revista "Tennis de France", ele faturou US$ 8,2 milhões no ano passado, contra US$ 6 milhões de Sampras. Uma boa fatia dos ganhos de Agassi vem de seu contrato com a Head, que pagou alto para fazer o cabeludo rebelde deixar as raquetes Donnay que usava.
A Head confia tanto na imagem dele que lançou uma campanha que não cita seu nome e nem mostra seu rosto. "Sabe quem vai jogar com raquetes Head?" é a pergunta sobre uma foto dos longos cabelos do tenista.
Jim Courier, Stefan Edberg e Michael Stich formam com Sampras um time de moços de bom comportamento. Agassi pode ser tão careta quanto eles, mas soube criar uma imagem de "bad boy" e faturar em cima dela. Os outros se preocupam em ganhar torneios. Agassi tem outras prioridades.
Primeiro veio o cabelo comprido e as bermudas. Agassi já era grunge quando ninguém sabia o que era isso. Suas roupas ficaram cada vez mais coloridas. Quando todos pensavam que iria desafiar a tradição de Wimbledon, que não permite uniformes que não tenham o branco como cor predominante, Agassi surpreendeu e apareceu lá em 92 vestindo branco da cabeça aos pés. No ano seguinte, raspou os fartos pêlos do corpo e entrou depilado na quadra do All England Tennis Club. Segundo ele, "para ficar mais aerodinâmico". Se não bastasse, foi namorar a cantora e atriz Barbra Streisand.
Com tudo isso, Agassi mantém sua figura na imprensa e dá retorno aos patrocinadores. Boris Becker é outro que forjou uma imagem. Suas declarações polêmicas e seu não menos polêmico casamento com a negra Barbara Feltus garantiram manchetes a ele mesmo quando despencou no ranking. Stich venceu sete torneios em 93, contra apenas um de Becker. Com publicidade, Becker faturou US$ 4,1 milhões, o dobro de Stich.
Numa festa de patrocinadores em Munique há dois meses, o austríaco Thomas Muster disse à Folha que todos preferem os tenistas "polêmicos". "Ganhei sete torneios no ano e não consigo um patrocínio decente. Vou tirar a roupa na quadra e assinar contrato com uma fábrica de cuecas."

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