São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Maluf chama PT de terrorista

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – "O PT é o Sendero Luminoso. Fernando Henrique vai perder porque é o Vargas Llosa. O brasileiro quer alguém duro para enfrentar o Lula", afirma o prefeito Paulo Maluf. A pesquisa Datafolha publicada hoje ajuda a explicar por que ele faz essa comparação.
Apesar do desgaste exibido na imprensa, Lula não cai do seu pamatar de 30%. Abaixo dele, Paulo Maluf, com 13% –está, porém, tecnicamente empatado com Fernando Henrique Cardoso (11%). Em quarto lugar, Leonel Brizola (9%). Em quinto, Orestes Quércia e ACM ( 6%).
A pesquisa mostra que Lula ganha fácil no segundo turno. Ganharia de Antônio Britto (46% a 35%), Fernando Henrique (47% a 31%) e Paulo Maluf (48% a 30%). Indicação óbvia: para vencer o PT, no segundo turno, o candidato terá de mostrar a menor taxa de rejeição possível.
Maluf percebe que, neste momento, seu grande adversário é Fernando Henrique –e não Lula. Ele se esforça em mostrar que a popularidade do ministro seria passageira, atrelada à badalação inicial do anúncio do plano econômico.
Ele se diz injustiçado pela imprensa que, na suas visão, estaria generosa demais com Fernando Henrique. Com o tempo, imagina, ganharia espaço na imprensa à medida que sua candidatura demonstrasse desempenho.
O fato, porém, que é Fernando Henrique cresce nas pesquisas, o PFL quer apoiá-lo, vai ter a ajuda de expressivas lideranças do PMDB como Jarbas Vasconcelos, Pedro Simon e Antônio Britto. É um candidato de centro-esquerda, carrega a adesão das principais lideranças empresariais, não teve ligações com o regime militar –e atrai simpatias à direita, inclusive do senador Jarbas Passarinho, do PPR de Paulo Maluf.
Mas se o plano econômico fracassar, o ministro vai carregar dois pesos capazes de triturá-lo. Primeiro, os números da inflação. E, pior, vão responsabilizá-lo (e com razão) por ter deixado o Ministério da Fazenda antes de acabar sua missão.
PS– Maluf afirma a esta coluna que vai revelar se é candidato em 30 de março – por coincidência, véspera das comemorações do golpe militar. Dois dias antes do 1º de abril: nesse ano eleitoral, será mais do que nunca 1º de abril. E sem trote.

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