São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994
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Quércia compara Collor a Lula

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Corre o boato em Brasília de que Orestes Quércia estaria prestes a abandonar sua candidatura ao Palácio do Planalto –a partir daí, disputaria o governo de São Paulo, o que significaria mudança de rumo na sucessão presidencial. Em contato ontem com esta coluna, ele comentou: "Quem vier com esta proposta, saiba logo que não será ouvido. Lamento informar aos meus inimigos, mas vou ganhar a eleição."
Pelo menos na conversa de ontem, ele demonstra ânimo de candidato –e com vontade de bater duro. Chama Fernando Henrique Cardoso de "almofadinha", garante que vai pisoteá-lo e diz considerá-lo "freguês de carteirinha".
Ele nega de pés juntos que estaria montando dossiês para executar um jogo sujo. Mas gente bem-informada do PMDB deixa vazar que, na sua briga com os tucanos, Quércia buscaria munição sobre a vida pessoal dos concorrentes. Ontem, aqui em Brasília, circulava no Congresso o rumor de que ele estaria por trás de supostos "santinhos" repletos de insinuações maldosas.
O fato é que ele se mostra disposto a comprar duras brigas numa área em que, em geral, é alvo. Publicamente, chega a comparar Fernando Collor a Lula. Motivo: um empresário patrocina parte dos gastos do presidente do PT, o que, segundo ele, seria uma espécie de repeteco do caso PC e da Casa da Dinda. Exagero? Sem dúvida.
Mas qual o efeito desse tipo de acusação em horário eleitoral gratuito. Pega? É dúvida. Ninguém pode negar, porém, que o ex-governador costuma ter bom desempenho em campanhas eleitorais. Ele está no mesmo time de profissionais da política (e aqui não vai nenhum julgamento ético) como Tancredo Neves, Antônio Carlos Magalhães ou Ulysses Guimarães.
PS – Com frequência, recebo informações sobre o que vem sendo levantado contra os candidatos nesta eleição –inclusive pelo PT. Se metade do que estou ouvindo for divulgado, será uma das eleições mais sujas de que se tem notícia.

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