São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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Maranhão aposta na cultura da soja

MARCOS NOGUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

A área cultivada com soja no município de Balsas (907 km ao sul de São Luís-MA) passou em dois anos de 27 mil para 62 mil hectares. A produção de soja deverá crescer de 27 mil toneladas em 1992 para 120 mil toneladas na safra 93/94, segundo o engenheiro agrônomo Estefano Paludzyszyn, 44, responsável pelo escritório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Balsas.
A cidade é a maior esperança da agricultura maranhense para os próximos anos. Com uma grande concentração de produtores gaúchos, paranaenses e paulistas, a região de Balsas aposta no cultivo da soja para acelerar o desenvolvimento econômico e a ampliação do mercado de trabalho no sul do Maranhão.
O cultivo da soja na região foi iniciado na safra 77/78 pelo produtor holandês Leonardus Phillipsen, com a plantação de 32 hectares. Onze anos depois, na safra 88/89, a área plantada de soja chegou a ocupar 22.850 hectares. Em 90 e 91, entrou em declínio devido a dificuldades na obtenção de crédito rural, diminuição das chuvas e baixa do preço da soja no mercado interno, segundo o produtor gaúcho Luís Ortonelli, radicado em Balsas há 13 anos.
Ortonelli, que é engenheiro agrônomo e possui 375 hectares plantados de soja na fazenda Santa Maria (a 35 km de Balsas), diz que a expansão da lavoura de soja nos últimos três anos só foi possível graças à ação da Companhia Vale do Rio Doce e ao funcionamento do Corredor Norte de Exportação. Desde 1992, a soja na região de Balsas é escoada por rodovia (370 quilômetros) e por ferrovia (92 km pela estrada de ferro Norte-Sul, que liga Imperatriz a Açailândia, e 513 km até São Luís pela estrada de ferro Carajás).
Desde 89, os produtores de Balsas utilizam novas variedades de sementes de soja desenvolvidas em campos experimentais mantidos pela Embrapa na cidade. Com o Corredor Norte de Exportação e o início das atividades em Balsas da empresa Ceval na comercialização da soja para o mercado externo, a exportação pelo porto da Ponta da Madeira aumentou de 27 mil toneladas em 92 para 72 mil toneladas em 93.
Nos últimos anos, várias empresas do sul do país têm comprado terras no sul do Maranhão. Em 94, foram plantados 62.341 hectares de soja e, segundo estudos da Embrapa, existem cerca de 800 mil hectares de terra disponíveis no sul do Maranhão e em condições para o plantio da soja.
"Na região de Balsas, um hectare de terra (10 mil metros quadrados) ainda custa cerca de US$ 50, enquanto que em outras regiões produtoras de soja do país não existem terras de boa qualidade a menos US$ 1.000 por hectare", afirmou Otonelli.
Na safra 93/94, cerca de 3.150 trabalhadores atuaram no preparo da terra, plantio e cultivo da soja, uma média de um trabalhador para cada 20 hectares, conforme dados da Embrapa. Segundo Paludzyszyn, o número de trabalhadores deve aumentar em 94/95.
Segundo o agronônomo da Embrapa, as perspectivas para o cultivo da soja no cerrado maranhense são excelentes. "O alto teor de óleo na soja plantada no cerrado brasileiro e o Corredor Norte de Exportação transformarão a região na nova fronteira agrícola do Brasil", afirmou Paludzyszyn.

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