São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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Desistência de Prost indica a fragilidade da McLaren

FLÁVIO GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

A McLaren ficou órfã de pai e mãe e está procurando quem a adote. Arranjou a Peugeot, no final do ano passado. Depois de uma temporada sofrendo com um motor Ford fajuto, um traque diante da potência que a Honda lhe proporcionava, Ron Dennis conseguiu fechar um acordo com a fábrica francesa e deu a impressão de que iria renascer.
Não renasceu. O propulsor é muito jovem e, na F-1, essas coisas levam tempo. No desespero, tentou Alain Prost. A tábua de salvação seria o tetracampeão mundial, o único capaz de substituir Ayrton Senna à altura –sem referências à estatura física de Alain, por favor. Prost, além do mais, é expert em detectar problemas em carros e resolvê-los.
Não deu. Resumo: nem o motor Peugeot anda o bastante, nem Prost estará ao volante do MP4/9 para reconduzir a McLaren ao caminho que fez dela a equipe que mais venceu GPs na história da F-1, 104. Alain desistiu de desistir da aposentadoria. Pode ter alegado os motivos mais nobres –queria voltar à tranquilidade do lar, queria se afastar do ambiente hostil das corridas e tal e coisa–, mas a verdade é uma só. Ele não corre porque percebeu que não teria nas mãos uma máquina capaz de arranhar o favoritismo de Senna e da Williams.
No fim, deu tudo errado para a McLaren, o que é uma pena. Pela primeira vez nos últimos três anos, seus projetistas Henri Durand e Neil Oatley conseguiram fazer um chassi decente. O MP4/9 é um carrinho estreito, moderno, com cara de mau e que, se tivesse um motor decente, certamente daria trabalho. Restou a esperança de auto-superação de seu primeiro piloto, o velocíssimo finlandês Mika Hakkinen.
Dennis já sabe que é impossível tapar com a peneira as ausências da Honda e de Senna, mas não perde a empáfia. É um recurso de defesa que funciona. Mesmo caindo pelas tabelas, a McLaren conseguiu renovar seu contrato de patrocínio com a Marlboro, o que garante uma chuveirada de dólares pelos próximos anos. E o acordo com a Peugeot, apesar das dificuldades iniciais, é promissor porque os franceses têm tecnologia e dinheiro para gastar.
Tudo que sobe cai, diz o ditado. Este ano é a vez de a McLaren cair. Mas ninguém duvide que vai subir de novo.(FG)

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