São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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'Era Williams' deve durar mais dois anos

FLAVIO GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fórmula 1 vive de ciclos. Quem se assusta com o domínio estabelecido pela Williams a partir da metade de 91 tem memória curta. Nos três campeonatos anteriores, a hegemonia também existia, mas pertencia a outra equipe, a McLaren. Volte-se um pouco mais no tempo, de 84 a 86, e a mesma McLaren ganhava tudo.
Quando não é um time, é um motor. Primeiro os Ford, depois os Porsche, mais adiante os Honda, agora os Renault. O automobilismo vive de eras. Patrick Faure, diretor da Renault Sport, previu em 92 que seus propulsores dominariam a F-1 nos anos seguintes. Não errou.
A tendência nas próximas duas temporadas, pelo menos, é de manutenção do monopólio da Williams. Contribui para isso a garantia da permanência de Senna na equipe e a eficiência comprovada da Renault. A Honda foi a primeira a perceber que tinha ficado para trás e tirou o time de campo para não ser humilhada. O passado vitorioso não merecia um presente tenebroso.
Os japoneses, porém, não abdicaram totalmente da categoria que transformou sua marca em sinônimo de triunfos. A Honda, no ano passado, construiu um chassi meio na brincadeira e colocou um motor nele. O programa entusiasmou a direção da empresa e está sendo levado adiante. Sem pressa. A intenção, a médio e longo prazo, é cooptar Senna para o projeto.
Para não ficar afastada de vez das corridas, a Honda estabeleceu duas cabeças-de-ponte na categoria. Assumiu a Mugen, sua subsidiária, e recolocou a marca na F-1 através da Lotus. Antes, havia acertado um acordo de cooperação com a Ferrari, que foi buscar ajuda na terra do sol nascente.
Quem tem a intenção mais imediata de desbancar a Renault é sua rival francesa, a Peugeot. A fábrica relutou muito até aceitar o ingresso na F-1. Em 91, chegou a divulgar um plano ambicioso de ter uma equipe própria, com Alain Prost como piloto. Um estudo de custos, no entanto, mostrou a inviabilidade do projeto.
Assim, a escolha recaiu sobre o Mundial de Marcas, campeonato de menor exposição e mais fácil de vencer. Foi um sucesso: dois títulos e vitórias nas 24 Horas de Le Mans. A Peugeot passou a ser nos esporte-protótipos o que a Williams é hoje na F-1.
Os resultados entusiasmaram a fábrica. Como o motor era mais ou menos parecido com os da categoria máxima, aspirado de 3.500 cc, a Peugeot resolveu voar mais alto. Só que a idéia de um time próprio já havia sido descartada e o jeito era procurar um parceiro.

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