São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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Reserva de micos-leões está superlotada

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A Reserva Biológica de Poço das Antas, em Silva Jardim (a 130 km do Rio), completa 20 anos de fundação neste mês e vive um impasse. Ao conseguir cumprir sua principal missão –a procriação natural de micos-leões-dourados, uma espécie em extinção–, a reserva está com sua capacidade esgotada e precisa crescer para abrigar novos filhotes.
Com 5.500 hectares (cada hectare equivale a 10 mil metros quadrados), a reserva tem cerca de 40% de sua área degradada –seja por incêndios ou pela derrubada de matas promovida antes de sua implantação, em 74. Hoje em dia, cerca de 300 micos-leões-dourados vivem na área verde da reserva.
Trata-se de espaço insuficiente para dar conta de novos filhotes. Cada família de mico-leão-dourado, com média de seis animais, precisa de 50 hectares de floresta. Sem espaço adequado, aumentarão a competição, a predação natural da espécie e surgirá o problema da consanguinidade (micos da mesma família cruzando entre si), o que diminuirá a capacidade de reprodução e a vida útil dos animais.
"Se não oferecermos novas áreas com florestas para aumentar o número de indivíduos, vai haver a compressão de territórios", diz o diretor da reserva, Dionizio Pessamilio, 46. Para amenizar o problema, o Jardim Botânico do Rio iniciou estudo para o reflorestamento dos 40% de área degrada da reserva.
A história da reserva é uma vitória. Quando foi feito o primeiro censo dos micos-leões-dourados, em 78, havia cerca de 70 animais. A reserva foi criada, pelo governo federal, para se tentar salvar da extinção essa espécie, encontrada na natureza, em todo o mundo, apenas na Mata Atlântica do litoral norte do Estado do Rio.
Os micos foram desaparecendo com a derrubada da mata pela especulação imobiliária, a implantação de fazendas agropecuárias e a atuação de madeireiras e de caçadores. Hoje, além dos 300 micos da reserva, existem cerca de 170 em várias "ilhas" verdes de fazendas de municípios do litoral norte do Estado do Rio.
A povoação dessas "ilhas" começou com um acordo entre o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e o zoológico de Washington, que desde 83 vem enviando ao Rio filhotes nascidos em cativeiro. Mais três micos chegaram ao país no mês passado. O acordo é uma troca, pois, nos anos 70, haviam sido enviados 15 casais de micos, do Rio, para o zôo americano.

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