São Paulo, domingo, 20 de março de 1994 |
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Plano e pressa
DEMIAN FIOCCA Ao propor a indexação diária de todos os preços básicos da economia, salários, câmbio, impostos e tarifas, o Plano FHC torna o cruzeiro real obsoleto. Com uma utilidade cada vez menor, é de se esperar que a moeda se desvalorize mais rapidamente, ou seja, que a inflação se acelere.Para os vários setores da indústria e do comércio, e mesmo entre as pessoas que pagam ou recebem aluguéis, coloca-se a questão de adotar a URV ou esperar com preços e contratos em cruzeiros reais. Ao estabelecer relações estáveis que se prolongarão após a introdução da nova moeda, a adoção da URV dá maior segurança. Já a preferência por seguir em cruzeiros reais deve-se aos ganhos que a inflação pode oferecer. Quando os preços se aceleram, os pagamentos a prazo perdem valor, transferindo renda de uns para outros. A aposta nestes ganhos, porém, pode ser surpreendida pela velocidade dos acontecimentos, com uma inflação mais alta que a esperada, ou tablita na entrada da nova moeda. Razões econômicas e razões políticas podem ter um denominador comum: a pressa. Uma moeda cada vez menos útil tende a desaparecer depressa e um governo em ano eleitoral tem pressa em mostrar serviço. Texto Anterior: Os custos sociais do liberalismo suicida Próximo Texto: Os méritos e limites do thatcherismo Índice |
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