São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bancos se preparam para inflação baixa

DA REPORTAGEM LOCAL

O ano de 93 produziu a maior inflação da história do país. No mesmo período, o setor financeiro conseguiu uma rentabilidade espetacular, o que reforçou sua fama de "sócio da inflação". Os banqueiros negam, mas reconhecem que souberam tirar proveito da situação. Agora, com a expectativa de estabilização econômica, os bancos se preparam para mostrar suas novas armas.
Manoel Felix Cintra Neto, diretor-executivo da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), diz que os bancos estão se preparando para um período de estabilidade econômica desde 1986. O setor financeiro privado está ajustado, diz.
Cintra Neto, também diretor-geral do Banco Multiplic, diz que sua instituição espera uma menor participação dos títulos públicos na receita do banco. O Multiplic pretende conseguir até 95 um crescimento nas operações de crédito ao consumidor e nas operações de mercado de capitais e internacionais. No ano passado, a instituição abriu uma subsidiária nas Ilhas Cayman.
Luiz Carlos Simão, diretor-financeiro do Banco Sul América, acredita que a queda da inflação irá abrir espaço para o crescimento da área de fusões e aquisições. "Já contratamos uma pessoa para cuidar somente deste setor no banco", afirma.
Para Fernão Bracher, presidente do Banco BBA Creditanstalt, o banco terá de fortalecer a área de intermediação financeira, com captação de recursos de longo prazo. "Temos uma subsidiária em Nassau, que ajudará na emissão de bônus no exterior", diz Bracher.
Montar uma unidade no exterior faz parte das metas do Banco Marka para este ano. "Temos um otimismo moderado quanto à queda da inflação", diz Francisco de Assis, diretor-financeiro do Marka. Segundo ele, a estabilização deverá vir no início do próximo ano.
No Banco SRL, o vice-presidente executivo, Antonio Costa, acredita que a estabilização da economia vai aquecer as áreas de privatização, reestruturação de empresas e, principalmente, mercados internacionais. A rentabilidade deve diminuir com a queda da inflação, mas se tornará mais consistente, diz.
Henrique de Campos Meirelles, presidente do Banco de Boston, diz que a instituição na Argentina aumentou o volume de empréstimos nos últimos três anos de US$ 13 milhões para US$ 600 milhões. O banqueiro acredita que com a criação do real os juros poderão passar de 24% ao ano para 40% ao ano para evitar a especulação com estoques e a formação de filas no comércio. Após a estabilização econômica, os juros devem recuar para o patamar internacional de 12% ao ano.
O presidente do Banco Pactual, Luiz Cezar Fernandes, diz que a instituição dará continuidade este ano à captação de investimento externo para o Brasil. O aumento das operações de crédito é esperado por Roberto Caldeira Bastos, superintendente do Banco Santos. (Mario Rocha e Rodney Vergili)

Texto Anterior: Orçamento fica mais fácil
Próximo Texto: Crédito e seguros devem crescer
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.