São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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Crédito e seguros devem crescer

MARIO ROCHA; RODNEY VERGILI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancos de varejo já estão redefinindo sua atuação com a perspectiva de estabilização na economia e queda da inflação.
Nuham Szprinc, vice-presidente de marketing e produtos do Banco Nacional, diz que a estabilização trará áreas de oportunidades para os bancos, entre elas os cartões de crédito, os seguros, o crédito ao consumidor, as operações de comércio exterior e de mercado de capitais.
Adalberto de Moraes Schettert, vice-presidente do Unibanco, estima que hoje a inflação contribui com 47% do resultado bruto dos bancos, mas depois de retirados os encargos administrativos o ganho com a inflação baixa para 30% do resultado final.
Nuham Szprinc, do Nacional, acredita que dentro das oportunidades de desenvolvimento para o sistema financeiro com a estabilização destaca-se um impulso extraordinário para o desenvolvimento dos cartões de crédito. Nos países de Primeiro Mundo, o cartão de crédito responde por 85% das compras financiadas. No Brasil, são apenas 10%. Ele acredita que ao final de um ano 50% das compras com cartão serão financiadas.
Outra área de atuação mais forte com a estabilização será a de seguros. O Brasil é um dos países de menor participação dos seguros em relação ao PIB (cerca de 1%), contra uma média internacional de 4%. Com a estabilização, o segurado terá melhores condições de avaliar o seu comprometimento de renda para o pagamento do seguro e o volume de operações das seguradoras deve crescer de 30% a 40% no primeiro ano de estabilização econômica. Os seguros de vida, auto e residência devem liderar o faturamento.
Outra área importante de atuação dos bancos em uma economia estabilizada será a financeira. O crédito ao consumidor e os financiamentos de turismo devem crescer cinco vezes em um ano.
O Banco Noroeste, que atua no médio mercado –pessoas físicas com rendimento mensal de até US$ 5 mil e empresas com faturamento anual de até US$ 60 milhões–, prevê também o aumento da procura por operações de leasing, no caso de pessoas físicas. Para as empresas, deverá aumentar o volume de capital de giro e financiamento à produção, prevê Carlos Montone, diretor-financeiro do Noroeste.
Segundo ele, os bancos de varejo vão deixar de ganhar com o dinheiro que fica depositado. "Isso vai obrigar os bancos a emprestarem dinheiro", diz o diretor do Noroeste, que ficou em décimo lugar no ranking de 93.

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