São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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Estado está 'farto' e quer apoio federal para imigração

LAWTON CHILES
ESPECIAL PARA O "USA TODAY"

A Flórida tem uma rica herança imigrante, que abrange desde os exploradores espanhóis até soldados britânicos, mergulhadores gregos, refugiados cubanos e haitianos e muitos outros. Nos últimos anos, pessoas do mundo inteiro têm chegado a nosso Estado em números recordes. Nossa população de residentes nascidos no exterior triplicou nos últimos 20 anos, de 540 mil para 1,7 milhão.
A chegada deles traz a necessidade de serviços estaduais essenciais, como escolas, assistência médica e, em alguns casos, prisões e serviços policiais. Fornecer esses serviços é tarefa difícil.
O Birô de Recenseamento dos EUA informa que 7,3% da população da Flórida –quase 1 milhão de pessoas– nasceram no exterior e não têm cidadania americana. Esse grupo cresce quase diariamente, com a chegada de mais estrangeiros sem documentos.
Embora a política imigratória seja estabelecida pelo governo federal, os impostos da Flórida estão sendo usados para satisfazer as necessidades dos imigrantes. Contas federais estão sendo cobradas da Flórida –e nós estamos fartos disso. Está na hora de o governo federal assumir sua responsabilidade para com esses imigrantes e para com os contribuintes da Flórida.
Precisamos de um compromisso firme da administração e do Congresso para contrabalançar alguns dos custos resultantes de sua política imigratória. Por exemplo:
Em 1993, o Departamento de Educação e os distritos escolares da Flórida gastaram US$ 512 milhões para manter 131 mil estudantes no programa de Fluência Limitada em Inglês. A agência estadual de serviços sociais gastou US$ 27 milhões para prover pessoas que não são cidadãos americanos de cupons alimentícios, assistência a famílias com crianças e serviços de saúde.
O Departamento Correcional gastou US$ 44 milhões para encarcerar estrangeiros criminosos. O Hospital Memorial Jackson, de Miami, informa que 16% das internações foram de estrangeiros sem documentos. Suas contas hospitalares totalizaram US$ 312 milhões –e US$ 240 milhões não foram pagos. A comunidade e o hospital foram obrigados a bancar essa despesa. O custo anual para o Estado e os municípios com esses serviços passa de US$ 2 bilhões.
Recentemente, eu e meus colegas governadores da Califórnia, Illinois, Nova York, Texas, Arizona e Nova Jersey formamos um grupo de trabalho com a administração federal. Nos reunimos com os secretários da Justiça, Janet Reno, de Saúde e Serviços Sociais, Donna Shalala, da Educação, Richard Riley, e o diretor de Administração e Orçamento, Leon Panetta. Chegamos a um acordo sobre os seguintes pontos, que são a base de minhas recomendações:
O governo federal precisa implementar melhor nossas leis de imigração e assumir responsabilidade total pelos custos da imigração ilegal e da política de refugiados. Isso inclui estabelecer mecanismos para identificar estrangeiros sem documentos e reembolsar Estados e municípios pelos custos de assistência e outros serviços.
Precisa ainda melhorar seu sistema de identificação de estrangeiros criminosos e assumir responsabilidade integral pelo encarceramento deles –em prisões federais ou com reembolso aos Estados.
O governo federal e o Congresso precisam financiar programas de assistência a imigrantes e refugiados e ter um plano emergencial para imigrações em massa. Para concluir, a Casa Branca precisa ter um assessor de imigração.
Está na hora de o governo federal abrir seus olhos para os problemas causados por políticas imigratórias irrealistas.

Tradução de Clara Allain

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