São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 1994
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O ensino público leva à faculdade?

DA REDAÇÃO

Se você é um estudante de escola pública, às vésperas de tentar uma vaga em uma universidade gratuita, preocupe-se: estatísticas mostram que candidatos provenientes de uma escola particular têm praticamente o dobro de chances de ingressar na USP ou Unicamp do que seus concorrentes que passaram pelos bancos de escolas estaduais, federais ou municipais.
Entre os que entraram na USP, a mais concorrida universidade paulista, em 1992, por exemplo, apenas 33% dos aprovados tinha feito todo o colegial em escolas públicas. 67% passaram por escolas particulares.
Esta relação, entretanto, é quase a mesma entre aqueles que se inscreveram no vestibular. Isto significa que não há maior índice de reprovação no vestibular entre os alunos de escolas públicas.
José Atílio Vanin, vice-presidente da Fuvest, considera que o vestibular para a USP não discrimina o aluno de escola pública. Para ele, o bom aluno da escola pública tem a mesma chance que seus concorrentes da escola particular, porque o vestibular da Fuvest é mais interpretativo do que discursivo.
O que acontece, na verdade, é que muitos alunos de escolas municipais, estaduais e federais sequer se candidatam a uma vaga nas universidades públicas, onde o ingresso é mais difícil. A concorrência no vestibular acaba afugentando grande parte –apenas alunos mais destacados das escolas públicas se animam a disputar uma vaga.
A origem deste problema é claro: as escolas gratuitas oferecem um ensino inferior ao das escolas pagas. A consequência disto é igualmente clara: normalmente, quem paga o ensino de primeiro e segundo graus tem mais chances de não pagar o ensino superior.
Mas nem sempre foi assim. Até 1980, a maioria dos ingressantes na USP vinha de escolas públicas. Em 1981 a relação se inverteu, e daí em diante cada vez mais há ex-alunos de escolas particulares na USP.

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