São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 1994
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Deborah Kerr não domina a cena e Newman faz discurso burocrático

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Faltou ao Oscar honorário uma dessas personalidades emblemáticas, que entram no palco, roubam a cena com uma autoridade que justifica sua fama e terminam dando o tom da noite.
Foi o que aconteceu no ano passado com Federico Fellini. Ou antes com Kurosawa e Billy Wilder, também grandes diretores. Ou mesmo com John Wayne, pouco antes de morrer (em 1979).
Com Deborah Kerr, 73, ao contrário, o sentimento geral era, antes, de constrangimento. A bela atriz de "A Um Passo da Eternidade" e "Tarde Demais para Esquecer" arrastou-se pelo palco, quase deixou a estatueta escapar de suas mãos –por excesso de emoção ou por sentir o peso.
Esse tipo de prêmio cai bem em personalidades que, de algum modo, encontram-se acima do Oscar e sabem disso. Mas sabem, ao mesmo tempo, que ninguém está acima dele (casos memoráveis: Hitchcock e Howard Hawks).
Paul Newman, que recebeu o Oscar por atividades humanitárias, está em outra categoria. O ator, nascido em 1925, está vendendo saúde e pode ser visto quase semanalmente nos boxes da equipe Newman-Haas, de Fórmula Indy.
No mais, já passou por quase tudo que o Oscar pode oferecer: foi indicado e perdeu seis vezes. Quando todo mundo achava que não ganharia mais, levou o Oscar honorário de 1985. No ano seguinte, acabou como melhor ator por "A Cor do Dinheiro".
Talvez por isso, Newman entrou na festa como quem cumpre uma obrigação e saiu após um discurso burocrático. Tudo parecia estar preparado para que 94 fosse um ano só de Spielberg.(IA)

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