São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Temas brasileiros são raros em jogos de RPG

NIKI NIXON
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A temática brasileira nos RPG e outros jogos comerciais praticamente não foi explorada. Tagma, Entradas e Bandeiras e O Desafio dos Bandeirantes foram os primeiros a utilizar um cenário de fantasia com referências históricas.
Nas lojas que comercializam esse material a saída desses jogos foi pequena. Um dos funcionários explica: "É um pouco difícil para alguns jogadores conseguirem se situar fora do imaginário fantástico europeu, com o qual já estão habituados. Em geral eles lidam muito bem com cavaleiros medievais, elfos ou trolls, mas se sentem muito distantes de personagens como bandeirantes e índios."
Não chega a ser uma atitude condenável, mas reflete bem a falta de identidade cultural brasileira, que não é exclusiva dos RPG. Alguns videogames de luta, por exemplo, familiarizam os jogadores com costumes, cenários e roupas orientais, como em Samurai Shodown, History of Martial Arts ou Fatal Fury, tornando-os mais colonizados que cosmopolitas.
História e estética
Cristiane da Silva Pinto e Juciara Mara Santos Soares, idealizadoras do projeto Fratria Brasilis, além da pesquisa folclórica, retomaram alguns pensamentos da manifestação da Semana de 22, que apressou a introdução da arte moderna no país, além do desenvolvimento de uma estética brasileira, refletida na pintura através do movimento Pau-Brasil e mais tarde pelo radical Antropofagismo.
A própria conclusão do trabalho cita Mário de Andrade: "Antes era brasileiro por fora, agora sou brasileiro por dentro."
O jogo não tem prazo para ser lançado comercialmente. Mesmo assim Cristhiane e Juciara continuam investindo em pesquisas sobre lendas do folclore e estudando história brasileira para criar no futuro estratégias complementares ao jogo.(Niki Nixon)

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