São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Reaberta a ponte da União em Sarajevo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Foi reaberta ontem a ponte da União e Fraternidade, que liga os lados muçulmano e sérvio de Sarajevo, capital da Bósnia. Uma estrada e dois subúrbios de Sarajevo também tiveram tráfego liberado.
Só puderam atravessar a ponte mulheres com mais de 55 anos de idade e homens acima de 60 anos, além de mulheres com crianças. Muitas famílias ficaram separadas durante os últimos 23 meses, durante os quais a cidade esteve sob cerco sérvio.
"Não acredito que vou ver minha família depois de tantos meses. Eles nem sabem que eu estou chegando", disse a muçulmana Ramiza Salihovic, que esperava para cruzar para o bairro sérvio de Grbavica.
Mas nem todos encontraram seus parentes vivos do outro lado da ponte. "Não há mais nada lá que eu esteja procurando", disse o muçulmano Hasan Begic. Somente ontem ele ficou sabendo que seu filho foi morto por franco-atiradores sérvios no dia 11 de janeiro.
A rebertura da ponte, que passa sobre o rio Miljaca, foi possível por causa de um acordo patrocinado pela ONU. Mesmo assim, discussões de última hora quase inviabilizaram a abertura.
Ao todo, 41 pessoas cruzaram a ponte da União –27 do lado muçulmano para Grbavica e 14 na direção contrária. "É um bom começo, mas eu não colocaria muita significação em um evento", afirmou o comandante Simon MacDowall, porta-voz da ONU.
Além da ponte, foram reabertas a estrada que liga Sarajevo à vizinha Visoko e dois caminhos entre subúrbios da zona oeste da cidade.
Os sérvios, que combatem a independência da Bósnia, retiraram os armamentos que foram encontrados dentro da zona de exclusão no último domingo.
Eles afirmaram estar usando um centro diferente para calcular o círculo de 20 km, dentro do qual todas as armas devem estar sob controle da ONU.
A data final para a retirada dos equipamentos foi 20 de fevereiro. Desde então, os armamentos que não estiverem acordo com estas condições estão sujeitos a bombardeios aéreos da Otan, a aliança militar liderada pelos EUA.
Por causa desta ameaça, a Iugoslávia (hoje formada por Sérvia e Montenegro) foi ao Tribunal Internacional de Haia.
O país acusa os membros da aliança militar de violar as normas da ONU ao ameaçar utilizar força militar na Bósnia sem autorização do Conselho de Segurança.
Ontem, forças sérvias sequestraram e saquearam dez caminhões que levavam ajuda para os cerca de 40 mil muçulmanos sitiados de Maglaj (norte), disse a ONU.
Os pais que mandaram mais de 40 mil crianças bósnias para fora do país por causa da guerra vão poder localizá-las por listas de computador, anunciou a ONU.
Dentro de um mês, as primeiras listas da Operação Reunir devem chegar a dez cidades da Bósnia.

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