São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gardel se tornou argentino em 85

DA REPORTAGEM LOCAL

Carlos Gardel (1890-1935), o maior mito do tango portenho, era francês. Hoje, um legítimo argentino, Fito Paez, faz sucesso com um ritmo que escandaliza gardelianos: uma mistura de tango e rock. Paez vendeu 500 mil discos no ano passado na Argentina, fez cerca de cem shows pelo continente e afirmou que vai avante com sua miscelânea musical: quer fundir Piazzola, Mercedez Sosa, Beatles, Stevie Wonder e Rolling Stones em um único ritmo.
Charles Romuald Gardes nasceu em Toulouse, na França, mas foi transformado em cidadão argentino através de um decreto de 1985, de autoria do então secretário de Cultura de Buenos Aires, Mario O'Donnell. O papel dizia que o cantor nascera na cidade, "precisamente no bairro de Abasto". Após 50 anos da morte, Gardel "virou" argentino.
Como o ator Rodolfo Valentino (1895-1926), que apoiva a fama na masculinidade, dançando tango em Hollywood, Gardel cultivava o tipo "amante latino". Mas nem isso ficou intocado. Em 93, Virgilio Exposito –irmão de Homero Exposito, ex-parceiro de Gardel– questionou a heterossexualidade e o talento do cantor, afirmando que as composições assinadas por ele não eram de sua autoria e que Gardel "nunca foi visto com mulheres". Os fãs prometem enterrar as acusações na festa de 60 anos de sua morte, em 95.(LC)

Texto Anterior: Dança saiu dos bordéis para a Europa
Próximo Texto: Casa-museu homenageia Nostradamus
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.