São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Futuro de Maluf está condicionado a FHC

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A candidatura presidencial do prefeito Paulo Maluf (PPR) está nas mãos do ministro Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O PPR acredita que a crise institucional pode forçar FHC a permanecer no Ministério e, com isso, Maluf superaria a indecisão sobre sair ou não da prefeitura.
FHC é hoje o entrave ao projeto presidencial de Maluf. O ministro tem o apoio de setores empresariais que Maluf esperava contar para vestir o figurino de anti-Lula. A provável adesão de partidos do campo conservador a FHC, como PFL, PTB e PP, também atrapalha os planos do prefeito paulistano.
O raciocínio de Maluf, que ainda espera viabilizar sua candidatura, é que poderá ser difícil a FHC juntar numa aliança tantos partidos com interesses próprios. Se apenas uma daquelas três legendas se coligar ao PPR, Maluf poderá entrar no páreo presidencial. Mas as costuras continuam difíceis.
Ontem, Maluf foi claro ao falar da necessidade de alianças. Ao responder se estaria disposto a apoiar o sindicalista Luiz Antônio de Medeiros (PP) ao governo paulista, disse que "ele é um bom candidato, mas qualquer discussão sobre coligação deve começar pela nacional".
Maluf afirmou ainda que "estou candidato" e que anunciará sua decisão no dia 30. "Face à crise político-institucional e militar e à falta de autoridade do Palácio do Planalto, com o país à deriva, eu tenho que ser candidato", acrescentou.
Dentro do jogo de esconde-esconde que trava com FHC sobre candidatura, o prefeito voltou a desdenhar das chances eleitorais do tucano. "Eu não dependo do meu plano dar certo. O ministro corre seus riscos", disse.
Maluf desautorizou um movimento que estava sendo articulado para transformar uma cerimônia administrativa hoje cedo, na Prefeitura, no seu "Dia do Fico".
A manifestação serviria para que entidades de bairro pedissem a permanência do prefeito no cargo. A notícia sobre a manobra vazou e Maluf ameaçou. "Quem fizer pressão vai ser colocado para fora", afirmou.
Maluf descartou a possibilidade de concorrer ao governo paulista. Declarou que a eleição estadual "quase que seria uma nomeação", tal a confiança em sua base paulista, mas que só renunciaria ao mandato pela disputa presidencial.
"Ou fico na Prefeitura quatro anos ou disputo a Presidência para lá ficar quatro anos', declarou. Mais uma vez, o prefeito negou qualquer acordo informal com Orestes Quércia.

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