São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Empresas disputam espaço com satélites

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os grupos Bradesco, Odebrecht, Monteiro Aranha, Victori Internacional e Globopar (do empresário Roberto Marinho) se associaram à Matra Marconi Space, francesa, e criaram a Class (Comunicações Latino-Americanas por Sistemas de Satélite), com o objetivo de lançar três satélites privados voltados para o Brasil e países vizinhos do Cone Sul. Um segundo consórcio, formado pelos grupos Itamarati (do empresário Olacyr de Morais), Splice do Brasil e Deutsche Aerospace (alemã) vai disputar o mesmo mercado como sócio e representante comercial do satélite argentino Nahuel.
Os dois consórcios querem concorrer com a Embratel na transmissão de dados e oferecer opções de novos serviços, sobretudo no campo de TVs por assinatura. Tanto o Nahuel, quanto os três satélites do Projeto Class vão operar dentro de uma frequência (chamada Banda KU), mais alta do que a dos Brasilsat (Banda C), o que vai permitir a captação de sinais de TV por antenas parabólicas de 60 cm de diâmetro, que podem ser instaladas até em varandas de apartamentos.
O projeto Class envolverá investimentos de US$ 300 milhões e foi apresentado ontem durante o 4º Congresso Internacional de Telecomunicações e Teleinformática (Telexpo), que se realiza na Bienal de São Paulo.
O Class só veio a público agora, mas está sendo preparado desde 1992, segundo afirmou à Folha o vice-presidente da Victori, João Santelli Júnior. Em novembro de 93, o consórcio encaminhou ao Ministério das Comunicações o pedido para três posições orbitais. O ex-ministro Hugo Napoleão encaminhou o pedido à UIT (União Internacional de Telecomunicações), das Nações Unidas, no seu último dia de gestão: 22 de dezembro. A UIT ainda não publicou sua decisão.
Se o pedido for aprovado pela UIT, o projeto Class e o consórcio do Nahuel vão depender ainda de autorização do Ministério das Comunicações e terão que ser submetidos a consulta pública (mediante publicação no Diário Oficial), semelhante à realizada pela UIT.
Segundo Olacyr de Morais, do grupo Itamaraty, o mercado tem grande potencial e nele cabem vários concorrentes. O consórcio, segundo apurou a Folha, tem planos mais ambiciosos do que a participação acionária no Nahuel e pretende lançar um satélite próprio.
O ministro das Comunicações, Djalma Morais, afirmou que a Embratel e as companhias telefônicas estatais têm interesse em participar como acionistas no projeto Class, embora, dentro da Embratel, haja críticas ao lançamento de satélites privados. O corpo técnico da empresa considera que a operação de satélites faz parte do monopólio estatal das telecomunicações. Na entender do ministro, eles prestarão serviços limitados e não haverá quebra do monopólio.
O vice-presidente da Victori disse que o projeto Class prevê o lançamento do primeiro satélite em 96 e do segundo em 97. Segundo ele, os satélites programados para operar a Banda KU (frequência de até 14 GHz, enquanto a frequência da Banda C é de até 6 GHz) também possibilitam a instalação de terminais telefônicos, ao custo médio de US$ 3 mil, em locais de difícil acesso, como uma plataforma em alto mar ou uma mineradora no interior de uma floresta. O custo atual de instalação no Brasil chega a até US$ 100 mil por terminal.

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