São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Senna inicia treinos e diz que lógica o favorece

FLAVIO GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ayrton Senna recorre a um raciocínio matemático para avaliar suas chances de vitória no GP Brasil de F-1, que abre a temporada domingo em Interlagos. Ele espera que a lógica prevaleça na corrida. Se for assim, sabe que ganha.
O primeiro piloto da Williams, que hoje comemora exatos dez anos de sua estréia na categoria, disse ontem que agora se considera "em condições de lutar", algo que não vinha acontecendo nos últimos dois campeonatos.
A lógica deve começar a surgir hoje, com os primeiros treinos para a corrida. Pela manhã acontece a sessão livre, em dois períodos de 45 minutos a partir das 9h30.
Essa condição é confirmada até pelos adversários mais próximos. Jean Alesi, da Ferrari, rotula Senna de "superfavorito". Michael Schumacher, da Benetton, admite que vai disputar o campeonato para ser vice. Ayrton desconversa. "Corrida é imprevisível. Pode aparecer um carro que seja uma surpresa de última hora, com um acerto especial ou uma adaptação excepcional ao circuito", diz. "Mas dentro de uma lógica a gente tem condições de competir. E eu estou cheio de fé."
A confiança é tão grande que Senna já está quebrando a cabeça para resolver um dilema prosaico: como comemorar a vitória.
A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) proibiu manifestações nacionalistas, como festejar com a bandeira do país "contrabandeada" para o cockpit por algum torcedor ou comissário.
O motivo é impedir que alguém possa colocar no carro qualquer material que altere seu peso original.
"Desde o ano passado já era proibido parar na pista depois de cruzar a linha de chegada", falou o piloto. "Mas, mesmo assim, eu fiz algumas vezes, porque a emoção era mais forte que a razão. Fui até ameaçado de desclassificação. Aqui, na teoria, não posso fazer. Mas na hora do vamos ver o coração fala mais alto e a gente acaba contrariando o regulamento. Domingo eu pretendo me controlar e usar a razão."
Antes de passar pela pesagem oficial de todos os pilotos, com capacete e macacão, Senna visitou os boxes da McLaren, sua ex-equipe.
Brincou com Ron Dennis, o antigo patrão, pedindo para que ele colocasse em seus carros espelhos retrovisores bem grandes. "Para eles me enxergarem quando eu vier ultrapassar para dar uma volta", brincou.
Depois, disse que a McLaren, onde passou os últimos seis anos, é sua "casa". "Quando fui lá, me senti como se fosse correr por eles este fim-de-semana."

NA TV
A Globo mostra o treino oficial de hoje, ao vivo, às 13h

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