São Paulo, sábado, 26 de março de 1994
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Militares da reserva apelam ao STF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Federação dos Militares Aposentados e Pensionistas (Famir) entrou ontem com um mandado de segurança no STF para garantir a conversão dos salários das Forças Armadas pelo segundo dia útil do mês. Se for concedido, os militares podem ter um reajuste de 32% nos vencimentos. O coronel reformado da Aeronáutica João Ferreira da Silva, que preside a Famir, fez críticas duras ao presidente Itamar Franco. "Ele é o líder do bando de incompetentes responsável pela crise", disse.
A decisão dos aposentados de acompanhar o Supremo na conversão pelo dia do pagamento contraria a cúpula das Forças Armadas, que se posicionou contra o Judiciário e pela conversão no dia 30, como quer o governo. O advogado da Federação, Raul Canal, explicou que na avaliação dos militares da reserva, "o Supremo está certo, errada é a equipe econômica". Segundo o coronel Ferreira, os baixos soldos estão fazendo os militares passarem "por idiotas, não por patriotas".
Um recruta das três Forças ganha 40,2 URV's (CR34,7 mil emvalores de ontem), segundo tabela anexada ao mandado. Os maiores salários são dos Almirantes-de-Esquadra, General de Exército e Tenente Brigadeiro da Aeronáutica. Eles ganham 490,5 URV's (CR423 mil), sem as gratificações. Os juízes do Supremo passaram a ganhar 4535 URV's (CR3,9 milhões), e também recebem gratificações sobre os salários.
Os militares são proibidos de fazer reclamações públicas sobre salários, mas o descontentamento é grande entre os familiares, sobretudo dos oficiais de baixa patente. "Nessas horas eu queria ser esposa de juiz", disse a dona-de-casa Elaine Souza, mulher de um capitão-de-Exército (CR253 mil de salário). "A situação do militar está feia, e o pior é ter que aceitar tudo caladinho".
Virgínia Félix, casada com um tenente-coronel do Exército (CR288 mil), diz que "o dinheiro está tão curto" que tem de cozinhar para fora para ajudar no orçamento doméstico.

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