São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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"Fui vítima do que defendo"

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

'Fui vítima do que defendo'
Filho de espanhóis, Jorge Francisco Orihuela Pastor procura na pátria paterna uma referência para tentar explicar o Brasil: "O país vive hoje uma crise parecida com a que houve antes da revolução. Não evoluímos politicamente nesses anos. Os militares tinham um bom modelo de desenvolvimento econômico, mas não se preocuparam em legar um modelo político para o país, como ocorreu na Espanha."
Nascido em Ermelino Matarazzo (zona leste), aos 12 anos Jorge se mudou para Perdizes (zona oeste), de onde assistiu, em 1977, a invasão da PUC pela polícia do coronel Erasmo Dias. "Vi um tanque na rua e achei legal, engraçado", lembra.
"Bastante despolitizado", na sua definição, Jorge votou em Covas e Lula na eleição de 89. Hoje votaria em alguém com o perfil do deputado José Serra (PSDB-SP). "Não votaria de forma nenhuma num corrupto. Se houver alguma sombra de dúvida de que o cara é corrupto, não voto nele."
Engenheiro químico com mestrado em administração, Jorge está desempregado desde 93. "O meu é um desemprego necessário. Não se deve proteger a indústria com alíquotas. Para ser competitiva, ela precisa praticar preços internacionais." Jorge era especialista em química aromática numa multinacional. As alíquotas de importação dos produtos caíram, a empresa preferiu importá-los –e demitiu Jorge. "Fui vítima das idéias que defendo."

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