São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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Semana profana

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO – Semana nada santa essa que começa hoje. Ficou pendente a solução para a crise entre o Executivo e o Judiciário, que, apesar de suas origens de ópera-bufa, acabou criando incertezas e inquietações que toda a negociação dos últimos dias não conseguiu desfazer por inteiro.
Além disso, os quatro dias úteis da semana serão marcados pelos anúncios (ou não) das candidaturas presidenciais do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e do prefeito paulistano, Paulo Maluf.
Amanhã, FHC volta a conversar com o presidente da República, para tomar a decisão final. O ministro concordou, na quinta-feira, com a avaliação do presidente de seu partido, Tasso Jereissati, de que não lhe resta outra saída que não seja a candidatura. É virtualmente certo que será essa a comunicação que fará ao presidente.
Maluf está igualmente disposto a lançar-se. Marcou para terça-feira uma reunião com o Diretório Nacional do PPR, seu partido, na qual fará a comunicação. "Será uma conversa com o nosso candidato", confirma o senador Esperidião Amin (SC), presidente nacional do PPR.
Depois desse encontro com a cúpula partidária, Maluf convoca os jornalistas para o anúncio formal, acompanhado da divulgação do esboço de programa de governo, que está sendo elaborado pela Fundação Milton Campos, órgão de estudos do partido.
O prefeito enfrenta ainda resistências em diversas áreas à decisão de candidatar-se. Mas foi fortemente pressionado pelos candidatos do PPR aos governos estaduais e aos Parlamentos estaduais e federal. As bancadas do partido cresceram nos últimos meses justamente em função da expectativa de que Maluf se candidatasse e puxasse votos para os demais candidatos. Por mais que o voto não seja vinculado legalmente, acaba sendo na prática.
Com esses passos, se confirmados, como tudo indica, termina a contagem regressiva da corrida sucessória e inicia-se o "warm-up" para a campanha propriamente dita. O Brasil pode ser um país confuso, caótico até, mas, ao menos, emoções fortes é que não têm faltado nunca.

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