São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Caspa é 6 vezes mais comum em homens

TEREZA CRISTINA GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A caspa –escamas brancas que "enfeitam" indesejavelmente roupas, cabelos e às vezes sobrancelhas– aparece em cerca de 10% da população e é seis vezes mais comum em homems do que em mulheres.
A caspa é uma das manifestações mais visíveis de um problema crônico da pele, a dermatite seborréica. Embora a causa não seja conhecida pelos médicos (veja quadro abaixo), os atingidos conhecem bem as consequências: coceira na cabeça, uma aparência constante de cabelos sujos e algumas vezes queda exagerada.
Os tratamentos que existem atualmente são à base de xampu e loções, usadas para facilitar a remoção de escamas e tentar diminuir a velocidade de produção das células da pele, que está elevada por causa da dermatite seborréica. Os mais usados são os com sulfeto de selênio, ácido salicílico, piritionato de zinco e ketoconazol.
A dermatite seborréica afeta áreas com número elevado de glândulas sebáceas, como axilas, couro cabeludo e virilhas. Costuma aparecer nas fases de vida em que existe grande exposição a hormônios, principalmente masculinos.
Em recém-nascidos, uma grande quantidade de hormônios que vieram da mãe estão circulando no sangue. A dermatite costuma se apresentar como "casquinhas" no couro cabeludo (crostas lácteas) e tendem a desaparecer espontaneamente depois dos seis meses.
Embora, na maioria dos casos, não passe de um problema estético, em bebês pode ocorrer uma disseminação por todo corpo, que causa diarréia e debilitação do estado geral. É a chamada síndrome de Leiner e precisa de tratamento intensivo.
Nos adultos, começa a aparecer na puberdade e, dependendo da intensidade, as repercussões estéticas podem incomodar muito. "Muitas pessoas confundem a presença de caspa com falta de higiene, o que cria situações constrangedoras", diz o dermatologista Maurici Ferreira dos Santos.
Por se tratar de um problema comum e maioria das vezes sem qualquer risco para a saúde, existe uma relutância em procurar auxílio profissional. O grande inconveniente é que existem doenças da pele extremamente parecidas entre si e apenas o especialista é capaz de fazer um diagnóstico preciso e indicar o melhor tratamento.
Um exemplo disso são algumas formas de micose que atacam o couro cabeludo e são tratadas como caspa por muito tempo sem qualquer melhora. Outra confusão comum é com a psoríase (descamação avermelhada e arredondada), outro problema de pele crônico. Alguns tratamentos usados para a caspa podem piorar ainda mais esse tipo de quadro.
O aparecimento ou exacerbação da dermatite seborréica pode acompanhar várias doenças clínicas e neurológicas (por exemplo, Aids e doença de Parkinson). Nesses casos, consultar um médico é a única garantia de não ficar tratando apenas a pele.

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