São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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McCann caminha para seu primeiro bilhão na AL

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

A agência norte-americana McCann-Erickson está se preparando para atingir, em dois anos, o primeiro bilhão de dólares com os negócios de publicidade na América Latina.
Brasil e México respondem por quase a metade da receita no continente –mas a filial argentina é que vem liderando o ritmo de crescimento, ao registrar expansão anual acima de 20%.
A agência, posicionada entre as três maiores do Brasil, consolidou sua presença na região, durante o ano passado, ao inaugurar mais dez escritórios na Nicarágua, Guianas e ilhas do Caribe. Também foram seladas associações com as principais agências locais.
"Agora só não estamos em Cuba, mas eu já visitei duas vezes a ilha", diz o dinamarquês Jens Olesen, 51, o publicitário responsável pelas operações na América Latina e Caribe.
Ele afirma que quando os ventos da abertura econômica soprarem sobre a ilha, a McCann-Erickson –que ali atuava até o advento da revolução– retornará àquele mercado.
Os domínios de Olesen estendem-se até Miami, onde foi aberta, em setembro do ano passado, uma filial "hispânica", que empregará até 15 profissionais para atender às contas da General Motors e Esso.
Rede
Antes mesmo de atingir a meta de US$ 1 bilhão, os 48 escritórios fincados em 34 mercados da região estarão interligados através de uma rede internacional de computadores.
Seus cinco clientes pesos-pesados na região são: General Motors, Coca-Cola, American Home Products (Kolynos), Nestlé e Unilever.
"Foi um ano excepcional, em que conquistamos as contas do Citibank, da Ferrero (chocolates) e da Johnson & Johnson para alguns países", afirma o executivo.
Segundo Olesen, as multinacionais do setor agora vêm apontando a América Latina como a região de maior potencial de crescimento nesta década.
"Temos investido continuamente nesta região nos últimos dez anos", afirma.
A agência reservou US$ 2 milhões para reforçar seus quadros e contratar dez profissionais de promoção em cada escritório do continente. Também aplica US$ 1 milhão em treinamento e formação profissional.
Um estudo da agência concluiu que não existe universidade no mundo capaz de formar os comunicadores do futuro. Diante dessa constatação, foram convocados, no ano passado, alguns dos melhores profissionais do business norte-americano para ministrar, em Los Angeles (costa oeste dos EUA), 12 cursos básicos para 1.500 estudantes.
O programa, denominado "McCann Education", compreende aulas de mercado internacional, novas tecnologias de mídia e noções sobre como redigir um plano de comunicação.
Esses esforços, segundo Olesen, estão sendo feitos para atender às demandas dos clientes por planos de mídia mais efetivos e planejamento estratégico,
Mercosul
Embora não creia que as marcas regionais dos anunciantes da região serão padronizadas em prazo inferior a cinco anos –o que facilitará a criação de campanhas continentais–, Olesen afirma que haverá "muitas possibilidades" a serem exploradas no contexto do Mercosul.
A agência já executa na Argentina trabalhos para um cliente brasileiro, a Sadia, exemplifica.
O publicitário destaca Argentina, Colômbia e Venezuela como mercados promissores em 1994. "Este será um ano difícil para o Brasil", opina Olesen. "O crescimento vai depender do êxito do plano econômico".
Ainda assim, sua expectativa é de que a agência atingirá uma expansão de 10% contra a média de 5% do mercado. (Nelson Blecher)

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