São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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A fuga da cidade grande

HELCIO EMERICH

A previsão é do professor Stephan Kanitz: na próxima década, São Paulo e outros grandes centros urbanos poderão assistir a uma verdadeira migração de executivos de grandes e médias empresas em direção ao interior. Esse deslocamento será motivado principalmente pela busca de melhor qualidade de vida, pessoal e familiar, e também pela capacitação que permitirá a esses profissionais criar seus próprios negócios nos novos pólos de desenvolvimento que estão surgindo fora das metrópoles (a expansão das franquias, por exemplo).
Nova York já vive um processo semelhante desde a década de 80, com a diferença de que lá são as empresas que têm se transferido em massa para o interior, fugindo dos altos impostos municipais e dos pesados custos operacionais dos escritórios, particularmente em Manhattan. Só a cidade de Norfolk, na Virginia, recebeu nos últimos dez anos mais de cem companhias que tinham sede na Big Apple, todas seduzidas por facilidade como isenção de taxas, infraestrutura de serviços, menor população.
Para neutralizar a tendência de esvaziamento, entidades como Câmara de Comércio de Nova York e "Alliance for a New, New York" vão investir US$ 50 milhões numa campanha dirigida às corporações instaladas em Manhattan, oferecendo facilidades para a relocação de escritórios, indústrias e depósitos em áreas vizinhas.
Aparentemente não há vida inteligente nas campanhas de propaganda veiculadas pelas universidades, faculdades, cursinhos e outros estabelecimentos brasileiros de ensino superior. Basta uma olhada nos outdoors exibidos em São Paulo para perceber a indigência das idéias e o amadorismo das soluções visuais. Para essa categoria de anunciantes, a empatia com o público jovem se traduz apenas por fotos de estudantes com caras pintadas e na identificação dos estudantes como "bichos". A mediocridade da comunicação nivela por baixo praticamente todos que competem nesse mercado.
A venda e a locação de vídeos com aulas e exercícios para que as pessoas mantenham a forma física ou combatam a obesidade se transformou num meganegócio nos EUA, movimentando anualmente uma cifra de US$ 11 bilhões. A gigante dos cosméticos Revlon está veiculando uma campanha de US$ 20 milhões para vender um desses cursos, estrelado pela atriz Cindy Crawford.

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