São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupo Bordon busca uma saída para crise financeira

MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Bordon, líder de abate bovino para o mercado interno e externo, renegocia, no momento, prazo para quitação de dívida junto aos bancos da ordem de US$ 105 milhões. A empresa é dona das marcas Bordon e Swift-Armour e faturou US$ 340 milhões em 93.
A renegociação ocorre no mesmo momento em que tramita ação na 16ª Vara Cível de São Paulo que questiona a composicão acionária do grupo. Está em discussão o percentual de ações que pertencem a João Euclydes Bordon, sobrinho do sócio majoritário da empresa, Geraldo Moacyr Bordon.
Outros grandes frigoríficos de bovino passam por momento delicado. Sola e Anglo também renegociam dívidas que oscilam de US$ 25 milhões a US$ 50 milhões. O Caiowá está saindo da auto-falência e o grupo Sadia perdeu US$ 20 milhões na atividade em 93.
Geraldo Bordon, presidente do Conselho de Administração do grupo, informou que está em andamento acordo com os bancos para a rolagem da dívida. Ele disse que a totalidade dos empréstimos têm contra-garantia de hipoteca em imóveis. "Os bancos estão completamente garantidos", afirmou.
A empresa colocou a venda sua unidade de industrialização de carne do bairro do Anastácio, em São Paulo, por US$ 120 milhões.
Segundo Geraldo Bordon, a crise do setor começou em 1990, com a defasagem cambial provocada pelo governo Collor. "Nesse período tivemos três planos econômicos e o preço do boi disparou", afirmou. Júlio Bordon, filho de Geraldo e presidente executivo do grupo, disse que o preço da arroba está em alta, apesar da safra, dificultando as compras.
Luis Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia, informou que sua empresa fechou duas unidades de abate em 93 devido à alta sonegação de impostos praticada por frigoríficos menores. Isso tira a competitividade de quem cumpre a legislação.
Por determinação do juiz da 16ª Vara Cível de São Paulo, foi realizada averiguação contábil nos livros do frigorífico Bordon por perito designado pela Justiça. O objetivo foi checar o percentual de ações detido por João Euclydes.
O grupo tem três donos: Geraldo, que detém mais de 80% das ações; sua cunhada Ruth Bordon, com 7% e João Euclydes, cujo percentual está sendo questionado.
A verificação nos livros do Bordon ocorreu a pedido do próprio João. O perito designado pela Justiça chegou a um percentual de 9,44% para suas ações, contra os 2,14% previstos nos estatutos da empresa. A decisão da Justiça não é final e pode ser contestada.

Texto Anterior: José de Castro e o fator militar
Próximo Texto: Consultor japonês vai formar 'discípulos'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.