São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Coração de Senna dispara na derrapagem

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

No pior momento de sua corrida, ao derrapar na curva da Junção (56ª volta), o coração de Ayrton Senna atingiu a marca de 184 batimentos cardíacos por minuto. Instantes depois da derrapada, quando estava parado sobre a grama, fora de perigo, a marca caiu para 164.
Em situação completamente oposta, ao atravessar a linha de chegada, em ritmo de euforia e sob os gritos do público, o coração de Rubens Barrichelo atingiu coincidentemente o mesmo pico de Senna (184 por minuto).
A rápida queda de batimentos após a derrapada demonstrou que Senna está bem fisicamente. "Revela um condicionamento físico excelente", disse Renato Duprat Filho, da Unicór, e diretor médico do GP Brasil.
Segundo ele, uma pessoa comum, não tão bem condicionada, ao viver uma situação de estresse instantâneo, como Senna sofreu, manteria os batimentos cardíacos em alta por mais tempo, com risco de arritmia e outros problemas.
Senna demonstrou também um excelente controle de nervos. Em repouso, momentos antes da largada, registrava 66 batimentos. A frequência de uma pessoa em condições normais gira entre 60 e 80 batimentos.
No grid, Senna pulsava 81 vezes por minutos, bem menos que Christian (115). O coração do tricampeão começou a se preocupar com a aproximação de Schumacher, na 17ª volta, e após a parada de reabastecimento (21ª volta), quando perdeu a dianteira. Na vice-liderança, Senna ficou com 160 (veja quadro).
Christian também atingiu o pico em uma situação estressante, quando abandonou a prova, na 21ª volta, com 161 batimentos.
Já o mecânico inglês Rick Wiltshire, da Jordan, atingiu o pico (130) durante uma operação de reabastecimento do piloto Eddie Irvine, 19ª volta.
Telemetria
A Unicór implantou o sistema de telemetria em todo o circuito de Interlagos. Os batimentos dos três pilotos brasileiros e de Wiltshire foram transmitidos por um transmissor, do tamanho de um maço de cigarro, ligado ao corpo do piloto por três eletrodos.
Os transmissores emitiam os batimentos em ondas de rádio digitalizadas, captadas por 18 antenas espalhadas pelo circuito. As antenas remetiam então as ondas para um receptor instalado no centro médico, atrás dos boxes.

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