São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Senna não culpa equipe e admite que cometeu erro

FLAVIO GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

Não ia pegar bem para Ayrton Senna, em sua primeira corrida numa nova equipe, jogar a culpa por um mau resultado no carro ou no time.
Uma hora e meia depois do fim da corrida, ele assumiu a responsabilidade pela derrota. "Foi um erro meu. Na entrada da reta eu acelerei um pouco cedo, ali era um ponto crítico do carro e ele escorregou de traseira e rodou."
Ele ainda tentou voltar, mas teve problemas com o câmbio. "Não consegui colocar a marcha certa. Eu já vinha tendo algumas dificuldades de câmbio. Tentei sair em terceira ou quarta. Aí o motor morreu. Foi uma pena, porque o pódio estava garantido, a gente tinha uma volta de vantagem."
Não havia na Williams um clima de consternação. Ayrton ficou algum tempo reunido com engenheiros e técnicos. Ninguém levantou a voz. Em equipe grande, tragédias são recebidas com naturalidade.
Senna disse já esperava dificuldades por causa das ondulações da pista. "O carro estava difícil de guiar. Pulava demais. Na medida em que os pneus iam se desgastando, ficava mais complicado. Ficou evidente que a gente tem muito trabalho pela frente, sobretudo na parte do chassi."
A pressão do favoritismo não teve nada a ver com a rodada de Ayrton na 56ª volta, na curva da Junção. "Meu erro foi induzido pelo ritmo que estava impondo. Meu carro, para andar naquele ritmo, exigia muito dos pneus e também fisicamente. A razão foi essa: andar no limite o tempo todo. Eu corri aqui para vencer. O segundo quase não interessava. Foi um risco que assumi, consciente, sabendo das limitações do meu carro."
O próximo passo da Williams, agora, é desenvolver o FW16, modelo do time para este ano.
Uma das perguntas que a equipe precisa responder é por que o carro é melhor mais pesado, com o tanque cheio, do que mais leve. Damon Hill percebeu isso e só parou para reabastecer uma vez.
Ayrton não acha qua a situação é desesperadora. "Foi só uma prova. O campeonato tem 16. Na próxima corrida, se a pista não tiver tantas ondulações, nosso desempenho vai melhorar."
O reabastecimento é outro segredo a ser desvendado. Senna acha que Schumacher, em seu primeiro pit stop, colocou menos gasolina que ele e andou com o carro mais leve a maior parte do tempo.
"É um pouco difícil de entender, mas isso deve ter ocorrido. Se a Benetton coloca menos combustível porque consome menos, isso mostra que o reabastecimento favorece eles", constatou.
A derrota não era esperada. Segundo um amigo de Senna, o piloto tinha até uma bandeirinha do Brasil já preparada para comemorar a vitória, dentro do cockpit –o que não foi confirmado por Ayrton.(FG)

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