São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Supremacia da Williams pode estar minguando

FLAVIO GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

Pior do que perder a corrida, para a Williams foi compreender que a superioridade técnica sobre os concorrentes que atingiu seu auge em 92 pode estar minguando. Essa é a opinião de Ayrton Senna.
Ele disse que a diferença de sua equipe para a Benetton "é muito pequena". Senna atribui os resultados dos treinos –ele largou na pole e foi o mais rápido em todas as sessões na sexta e no sábado– "a uma volta rápida, apenas". Em situação de corrida, as coisas são diferentes, acha o piloto.
É verdade que a Williams foi a equipe mais prejudicada com a abolição da eletrônica na F-1 –controle de tração, freio anti-blocante, suspensão ativa e câmbio automático– porque era a que se dava melhor com chips, sensores e computadores.
Depois, parece óbvio que o novo FW16 tem problemas em circuitos ondulados.
Por outro lado, o desempenho da Benetton é diretamente relacionado ao tempo de testes que a equipe fez com seu novo carro, um evolução do "tubarão" projetado por John Barnard.
Some-se a isso a surpreendente performance do novo motor Ford Zetec-R e descobre-se por que a Williams este ano tem uma adversária à altura.
OK. Mas não é tanto assim. Os problemas da Williams são solucionáveis. E Senna poderia ter ganho ontem se adotasse uma estratégia de corrida mais inteligente.
Ao perceber que seu carro se comportava melhor com mais combustível, poderia ter colocado mais gasolina em seu primeiro pit stop e dispensado o segundo.
Schumacher teria que parar duas vezes de qualquer jeito. Senna teria um carro menos instável nas mãos e poderia se aproveitar do segundo reabastecimento do alemão para reassumir a liderança. Michael gastou 28 segundos em seu segundo pit stop –contados do momento em que entrou nos boxes até a saída. Quando abandonou, Ayrton estava a apenas 5s013 do Benetton número 5.
"A gente está muito próximo", diz Ayrton em relação à Benetton. Vai mais longe. Disse ontem que não considera a Williams favorita ao título. É um exagero.
Se a equipe for rápida no desenvolvimento de um chassi que sofre do mal da juventude e repensar as táticas de corrida, Ayrton continuará sendo o mais forte candidato à conquista do Mundial deste ano.
O reabastecimento é item fundamental em qualquer decisão que se tome numa equipe a partir de hoje. Pouca gente percebeu. Mas ele decidiu o GP Brasil.(FG)

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