São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Após 77 dias de viagem, bikers chegam a Ushuaia

OSVALDO MARTINS
VITOR NEGRETE

OSVALDO MARTINS; VITOR NEGRETE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Chegamos a Rio Grande, já na Terra do Fogo, muito antes do que imaginávamos, graças ao inesperado asfalto e à ajuda do vento. A cidade é semelhante às outras da região, com aquele aspecto de faroeste moderno.
Como de costume fomos direto ao supermercado, onde suprimos nossas necessidades de comida, bebida e informações. Seguimos rumo ao albergue municipal recomendado pela atenciosa moça do caixa. Depois de uma rápida conversa, fomos alojados e pudemos tomar o primeiro banho na Terra do Fogo.
Éramos os únicos hóspedes no recinto e pudemos desfrutar de um merecido descanso. Fizemos o planejamento para a estapa final da viagem –Rio Grande a Ushuaia– e estimamos em cinco dias o tempo necessário para atingirmos nosso destino. No dia seguinte começamos a percorrer os últimos 241 km de viagem.
Estamos na beira do rio Turbio. Deste lado, onde armamos a barraca, estamos na província de Rio Grande. Do outro lado fica Ushuaia. Já podemos sentir o final da viagem. Olhando no mapa é impressionante a distância que percorremos hoje –135 km.
O lugar onde estamos é muito bonito. O pequeno rio corre veloz entre as pedras. O tempo está maravilhoso. Pedalamos o dia inteiro sob um sol quente e com um vento que vem de trás de 40 km/h, de acordo com a rádio Integración AM, que escutamos durante a viagem.
Essa rádio passa notícias de Buenos Aires e boletins do tempo que ouvimos atentamente pois o vento pode ser o céu ou o inferno de um ciclista.
Veio a chuva, o que nos obrigou a saborear o último quilo de macarrão dentro da barraca. Na manhã seguinte quase não nos falamos, simplesmente partimos. De repente, passamos por uma curva e encontramos uma placa: Ushuaia 3 km.
Depois de 78 dias de viagem, finalmente chegamos a Ushuaia na quarta-feira, dia 9 de março. A sensação era ambígua –ao mesmo tempo que comemorávamos nosso objetivo alcançado, tínhamos um sentimento de tristeza pelo fim da viagem.
Ficamos impressionados em descobrir que a cidade mais ao sul do mundo não é um vilarejo, mas sim uma zona franca, coalhada de indústrias eletrônicas e problemas de urbanização como qualquer cidade grande.
Outro ponto curioso é o turismo antártico, que vem se tornando uma importante atividade na região. A onda de turismo ecológico fez com que a Antártida ganhasse a atenção do mundo. O governo argentino quer Ushuaia como a porta de entrada. Uma viagem como esta não podia mesmo terminar sem surpresas.

Vitor e Osvaldo viajam com o apoio da Folha.

Texto Anterior: Banda alemã Scorpions faz shows amanhã e quarta-feira no Olympia
Próximo Texto: Ouvido pode enganar seu cérebro com "campainha"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.