São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994 |
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Inimigos históricos se agrupam em alianças
HUMBERTO SACCOMANDI
A divergência mais gritante é entre os federalistas da Liga Norte e os neofascistas da Aliança Nacional. Ambos fazem parte da coalizão liderada por Silvio Berlusconi e se odeiam. Só os une o desejo de derrotar os ex-comunistas. "Nunca, nunca. Não negociaremos nunca com os neofascistas", disse Umberto Bossi, líder da Liga Norte. "Esse Bossi é um bufão, um falastrão", retrucou o "aliado" Gianfranco Fini, líder neofascista. Fora as desavenças pessoais, Fini tem grande apoio no sul da Itália, desprezado pelo regionalista Bossi, baseado no norte. Fini e Bossi, por sua vez, estão descontentes com o "aliado" Berlusconi, que domina a campanha. A Liga ameaça retirar o apoio a Berlusconi para o cargo de premiê. "Esse Bossi é um caipira. Eu lhe fiz o favor de não me candidatar em Milão e ele prometeu apoiar a minha candidatura a premiê. É indigno", disse Berlusconi. O PDS foi obrigado a se aliar com os stalinistas, que diariamente ameaçam as instituições financeiras e os empresários, alarmando os eleitores. Os dois partidos resultantes da divisão da Democracia Cristã, ocorrida há alguns meses, também tiveram que se reagrupar. Finalmente, ex-comunistas e ex-democrata-cristãos flertam, pensando numa possível coalizão de governo. "Não somos anticomunistas", diz Mino Martinazolli, do PPI. "Não somos antidemocrata-cristãos", responde Achille Occhetto, líder do PDS. Muitos analistas políticos observam isso como uma característica "leopardesca" da política italiana. No romance "O Leopardo", de Giacomo da Lampedusa, o protagonista, um aristocrata siciliano, tem como lema: "se queremos que tudo fique como está, tudo tem que mudar".(HuSa) Texto Anterior: Entenda as mudanças na política italiana Próximo Texto: TV pede que italianos votem Índice |
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