São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 1994
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Para PSDB, aliança com PFL está difícil

GILBERTO DIMENSTEIN; TALES DE FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, anunciou ontem sua candidatura convencido de que a vitória depende de alianças partidárias, em especial com o PFL.
Mas a cúpula de seu partido, o PSDB, avalia que o acordo ainda enfrenta uma série de obstáculos. "Está muito difícil. E tenho profundas dúvidas se conseguiremos fazer uma aliança com o PFL", afirmou o governador do Ceará, Ciro Gomes.
A avaliação do PSDB é de que seria impossível se fechar um acordo com o PFL sem o aval do governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães.
Eles temem que ACM não abra mão da indicação de seu filho, Luís Eduardo Magalhães, líder do PFL na Câmara, como vice na chapa com FHC.
Uma indicação tão ligada a ACM acirra as resistências internas no PSDB contra a aliança, especialmente entre os tucanos da Bahia.
Mas a opção, "menos traumática", segundo o secretário-geral do PSDB, Sérgio Motta, seria a indicação como vice na chapa de FHC do governador de MInas Gerais, Hélio Garcia, do PTB.
A estratégia da cúpula do PSDB para tentar solucionar o impasse com o PFL será só discutir o vice depois de fechadas as alianças também com o PTB e o PP.
O primeiro passo nessa estratégia foi dado semana passada pelo próprio FHC e pelo presidente do PSDB, Tasso Jereissati. Eles conseguiram do PFL adiar o fechamento do acordo para o final de abril.
"Eles estavam com muita pressa, mas já conseguimos resolver esse primeiro problema", disse Motta. "Queremos o PFL, mas não queremos apenas ele. A aliança tem que incluir outros partidos", afirma.
O outro "problema" é evitar que o PFL fique irritado. A cúpula do PSDB, incluindo o próprio FHC, não abre mão do apoio do partido nas eleições. Jereissati avisa aos "contras" do partido: "não se faz política com vetos."
"O PFL está com diretórios bem montados em centenas de municípios onde o PSDB não consegiu ainda se estruturar", explica Jereissati. Para ele, o apoio do PFL também será "fundamental" para dar sustentação no Congresso ao plano eceonômico durante a campanha eleitoral.
Ainda deverão ser votados no Congresso, ao longo do ano, vários projetos complementares ao plano. Sem o apoio do PFL, na avaliação dos tucanos, esse projetos não são aprovados. E o fracasso do plano teria reflexos na candidatura FHC.

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