São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 1994
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A história está escrita em cada esquina

THAÍS OYAMA
DA ENVIADA ESPECIAL AO JAPÃO

Suas ruas estreitas, iluminadas por lanternas de papel e ladeadas por colinas, são uma viagem no tempo. Em Kyoto, a história está visível em cada esquina.
Na encosta de Higashiyama, a 20 minutos do centro, está o templo preferido de muitos japoneses: Kyomizu-dera. Encravado no monte Otowa –farto de cascatas e com uma bela vista da cidade–, foi fundado no século 8 por um monge budista. Seu nome quer dizer "água pura" e a construção é uma oferenda a Kannon Bosatsu –Deus da piedade e compaixão.
Mais famoso que Kyomizu-dera só o Kinkaku-ji, ou Pavilhão Dourado. Construído em meio a um lago de carpas, ele data do século 14 (foi reconstruído em 1955) e é uma mistura do estilo zen combinado com a arquitetura das antigas casas de samurai. Tem os três pisos recobertos por folhas de ouro.
O Kinkaku-ji guarda uma história interessante que os japoneses, fiéis ao seu estilo de suprimir o que lhes desagrada, não contam aos turistas. Em 1950, um estudante budista, obcecado pela beleza do templo, invadiu-o de madrugada e incendiou-o.
Em seguida, fugiu para uma colina e tentou cometer haraquiri (o suicídio japonês). Yukio Mishima (1925-70), talvez o maior escritor japonês, usou o episódio como tema de uma de suas mais belas obras –"O Pavilhão Dourado".
Outro passeio obrigatório para quem vai a Kyoto é descer de barco as corredeiras do Hozu, o rio que fica a oeste da cidade, a 40 minutos de trem do centro.
O percurso de 16 quilômetros, por um leito de pedras e uma paisagem de montanhas, fazem da viagem uma experiência de pura contemplação, durante a qual os deuses parecem tão próximos quanto o som dos "uguisus", pássaros japoneses que vivem à margem do Hozu e que têm o canto parecido com o da flauta doce.

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