São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 1994
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Gueixas vivem para dar prazer aos homens

THAÍS OYAMA
DA ENVIADA ESPECIAL

Não, gueixas não são prostitutas. Gueixa (a palavra significa pessoa artística ou refinada) é uma mulher criada para dar prazer aos homens. Um prazer tão sofisticado e cheio de requinte que prescinde do sexo, pelo menos o pago. Gueixas reservam o sexo para os seus amantes –oficiais ou não.
Elas não passam de 17 mil hoje no Japão. Embora o sistema tenha sofrido modificações –do século 17, quando surgiu, até hoje– ainda preserva sua essência. Garotas entre 15 e 20 anos, normalmente filhas ou netas de gueixas, são encaminhadas para as "okyas" (escolas de gueixa), onde aprendem a cantar, dançar, tocar "shamisen" (instrumento de cordas), servir chá, fazer arranjos florais (ikebana) e, o principal, encantar os homens. Saber conversar e, mais importante, saber ouvir, é a maior arte da gueixa.
O rigor da formação e o seu alto custo são as principais causas do declínio da profissão. Para iniciar a carreira, são necessários pelo menos quatro anos de estudo. Formada, uma gueixa de alto nível ganha cerca de US$ 20 mil mensais –pouco, se for levado em conta que cada um dos muitos quimonos que ela é obrigada a ter custa cerca de US$ 25 mil.
A maioria, cedo ou tarde, escolhe seu "danna" (protetor e amante) –geralmente um banqueiro, grande empresário ou político, alguém com quem ela terá um envolvimento emocional, sexual e financeiro.
Quando encontra seu "danna", a gueixa se "casa" com ele em cerimônia fechada e não-oficial. Pode até não haver amor, mas a fidelidade faz parte do acordo.

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