São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994 |
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Produtor mapeou a música do país
CARLOS CALADO
Mais ainda do que duas décadas atrás, o consumidor brasileiro – anestesiado diariamente pela redundância empobrecedora das rádios e TVs– tem uma rara chance de entrar em contato com a riqueza de manifestações musicais que não frequentam o universo urbano. O projeto "Mapa Musical do Brasil" nasceu logo após a fundação da gravadora, em 1973. Coordenada por Hermilo Borba Filho, uma equipe de pesquisadores saiu por todas as regiões do país, registrando "in loco" diversas formas musicais e folclóricas. O material colhido foi então dividido em séries de quatro álbuns: "Música Popular do Sul", "MP do Nordeste", "MP do Centro-Oeste/Sudeste" e "MP do Norte". Apesar da enorme variedade de gravações, uma fórmula balanceada identifica toda a coleção: os registros folclóricos "ao vivo" são intercalados por interpretações de medalhões da MPB. Um exemplo está no volume de "Música Popular do Sul", que destaca Elis Regina, cantando sambas arranjados pelo maestro Rogério Duprat. Porém, a sensação desse disco é mesmo a sanfona do gaúcho Moisé Mondadori, com 81 anos na época da gravação, tocando a polquinha "Boi Barroso". Algo semelhante se repete no álbum "Música Popular do Nordeste", que incluiu o Quinteto Violado, mas teve seu momento mais brilhante no alucinado desafio dos repentistas Severino Pinto e Lourival Batista. Ouvidos hoje, os deliciosos galopes, calangos e toadas registrados nesse projeto pioneiro apontam uma ironia. Preocupado com a identidade nacional, Marcus Pereira foi um precursor de atual onda de "world music". Quem sabe agora o mérito desse Dom Quixote da MPB seja melhor reconhecido. Pacote: Marcus Pereira Lançamento: ABW (r. Gil Vicente, 289, tel. 011/850-5103, Vila Dionízia, São Paulo) Preço: CR$ 13 mil (cada CD) Texto Anterior: Projeto resgata obra de Marcus Pereira Próximo Texto: Gravadora foi a 1ª independente Índice |
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