São Paulo, domingo, 3 de abril de 1994 |
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Berlusconi inaugura a época da 'telecracia'
HUMBERTO SACCOMANDI
Através do uso intensivo de suas TVs, jornais e revistas, Berlusconi conseguiu o que parecia impossível. Em três meses ele fundou um partido (Força Itália), tornou-o o maior do país e venceu as eleições parlamentares mais importantes desde 1948. Agora ele é o virtual novo premiê italiano. A legislação não impede que proprietários de meios de comunicação se candidatem a cargos eletivos. Exige apenas que a pessoa deixe a direção de suas empresas durante a campanha. "O voto deve ser respeitado, mesmo que tenha legitimado o uso golpista dos meios de comunicação", afirmou Carlo Ripa di Meana, líder dos "verdes" italianos. Segundo dados oficiais, Berlusconi teve 68% do tempo dedicado ao noticiário político em uma de suas três redes de TV. Segundo a revista "L' Espresso", ele ordenou que suas rádios não mencionassem outras forças políticas. Quem desrespeitasse seria punido. O caso mais clamoroso, porém, foi a saída de Indro Montanelli da direção do "Il Giornale", o principal jornal de Berlusconi. Montanelli, respeitado jornalista e historiador conservador, teria recusado a pressão de Berlusconi para que o jornal o apoiasse abertamente. A chegada de Berlusconi ao governo cria uma situação inusitada na Itália. Proprietário dos três maiores canais de TV privados do país, ele terá também sob seu controle a estatal RAI, estabelecendo um virtual monopólio da comunicação televisiva em suas mãos. O novo governo de direita, que deve assumir este mês, não tem uma proposta específica para política televisiva. Fica tudo a critério do mercado.(HuSa) Texto Anterior: Eleição legitima neofascismo na Itália Próximo Texto: Voto contra comunistas e corrupção garante a vitória Índice |
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