São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994 |
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Pink Floyd começa nova turnê pelos EUA
FÁBIO MASSARI
Parte disso está correto. Mas para milhões de felizardos, a volta do Pink Floyd é a redenção, a salvação de um monstro chamado "rock de arena", um banho de água gelada na parca e assustada concorrência. A banda está lançando seu 19º álbum (incluindo coletâneas), "The Division Bell", 7 anos depois do último trabalho em estúdio. A tour de lançamento é, desde já, um dos maiores acontecimentos da história do rock. Já são mais de 2,5 milhões de ingressos vendidos até o fim de novembro; os mais perfeitos aparatos para efeitos visuais e sonoros da praça, com direito a gigantescas telas redondas, monstros no P.A. e sistema de som quadrifônico que literalmente desnorteia o público; e o Pink Floyd Arshif, o maior zeppelim do mundo, que acompanha a banda. Como se não bastasse, o Pink Floyd reaparece com uma música mais viva do que nunca. A abertura dessa mega-tour aconteceu no Joe Robbie Stadium de Miami, na última quarta, para um público estimado em 60 mil pessoas. Não houve chuva que estragasse a festa. Com as músicas novas estrategicamente colocadas na primeira parte do show, o Pink Floyd fez da noite de estréia um crescendo de aplausos coletivos capazes de arrepiar os mais céticos. O final dessa primeira parte, com "One of These Days" (uma das mais viscerais introduções do rock), foi uma boa mostra de como uma "viagem" pode ser individual e coletiva ao mesmo tempo. Durante os cinco e tantos minutos da música, o que se ouviu foi um grito alucinado e único de prazer. E foi também um prenúncio do que vinha pela frente. O que se viu então desafia qualquer tentativa de explicação calculista, "objetiva". A banda de David Gilmour (o bom moço dos "guitar heroes" da sua geração), Richard Wright e Nick Mason passou por "clássicos" como "Wish you Were Here", "Time", "Money", "Breathe", "Confortably Numb", "Run Like Hell" e "Shine on You Crazy Diamond" com uma verve inigualável. Os filmes, as luzes e os efeitos em absoluta sincronia com os acordes fizeram do show do Pink Floyd um espetáculo de rock mágico. Seja lá o que isso quer dizer. Se alguém pensou em dizer que a volta do Pink Floyd está para o rock assim como o "Parque dos Dinossauros" está para o cinema, e se isso estiver devidamente emoldurado num sorriso amarelo, é melhor que se cruze antes com o dinossauro em questão. No caso do rock, esse dinossauro não é uma virtual e colorida imagem do passado. Texto Anterior: Os trinta anos de 64 fizeram nossa cabeça Próximo Texto: Disco traz história repetida como farsa Índice |
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