São Paulo, quarta-feira, 6 de abril de 1994
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PT privilegia PDT e tenta isolar Brizola

ELVIS CESAR BONASSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT vai tentar isolar politicamente Leonel Brizola (PDT-RJ) para fazer de Luiz Inácio Lula da Silva o candidato único das esquerdas. O partido tenta atrair o PDT para a campanha de Lula mesmo contra a vontade de Brizola.
Ontem, o PT e seus aliados (PSB, PCdoB, PCB, PSTU e PPS, que ainda discute a aliança) decidiram adiar a escolha do vice de Lula. A vaga em aberto pode seduzir setores do PDT que se contrapõem ao ex-governador do Rio.
A estratégia petista inclui o fechamento de alianças estaduais entre PT e PDT, como as já consolidadas em Mato Grosso com Dante de Oliveira e Sergipe com Jackson Barreto. Estão em andamento também negociações com Jaime Lerner, no Paraná.
Por enquanto, a vaga de vice cabe ao PSB, que escolhe entre o senador José Paulo Bisol (RS) e o vice-prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro. A definição precisa ser feita até 1º de maio, data do Encontro Nacional do PT que oficializará a chapa.
Bisol disse ontem no Rio que não pretende entrar em disputas internas para ser o vice de Lula, mas aceitará se for indicado.
Ele disse admitir abrir mão da indicação para o cargo em favor de uma aliança com o PDT, que escolheria o companheiro de chapa do candidato petista.
O PT vai promover no dia 21 de abril (dia de Tiradentes) um encontro em Ouro Preto (MG), com os partidos aliados e representantes da sociedade civil.
O partido quer usar a simbologia da Inconfidência Mineira. "Foi lá que surgiu a luta pela independência do país", disse Lula. "Vamos conclamar o povo para a continuidade da luta pela soberania e pelo processo democrático".
No encontro, será lançado o "Manifesto à Nação", definindo as linhas básicas da campanha presidencial do PT. O documento vai ficar centrado em três questões: a dos "excluídos", a nacional e a da democracia política e econômica.
Dentro da estratégia de se tornar "candidato único", o PT planeja fazer desse encontro uma manifestação da força da candidatura Lula junto a lideranças de esquerda e centro-esquerda.
O partido vai tentar atrair, além do PDT, as dissidências de outros partidos. No PMDB, o chamado "grupo ético", que se contrapõe a Orestes Quércia. No PSDB, os descontentes com uma aliança dos tucanos com o PFL.
"Se for o Quércia no PMDB, vai sobrar muita gente. No PSDB, se houver aliança com o PFL, uma grande parcela vai ficar solta", disse Lula.
Após o encerramento da próxima caravana do PT, pelo Centro-Oeste, Lula vai concentrar a campanha em São Paulo, Minas e Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais do país.

Colaborou a Sucursal do Rio

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