São Paulo, quarta-feira, 6 de abril de 1994
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Jornais europeus publicam trechos de diários do cineasta Coppola

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O jornal inglês "Guardian" e o italiano "La Stampa" publicaram com exclusividade alguns trechos dos diários de Francis Ford Coppola ("Drácula") em que o diretor norte-americano revela sua insegurança toda vez que inicia uma nova produção.
"Descobri que sofro um estado de ânsia insuportável desde o momento em que começo um novo filme até o momento que o termino", diz em um trecho datado de setembro de 1990.
Coppola ainda acrescenta: "É terrível entrar em pânico quando todos dependem de mim para rodar uma cena. Sinto minha mente congelada. Devo me animar, me convencer de que tudo sairá bem, dizer a mim mesmo que estou aqui porque estou fazendo meu trabalho".
No mesmo mês de setembro, o diretor se pergunta: "Por que tenho mais confiança em mim mesmo quando cozinho do que quando dirijo um filme?"
Mais tarde, em julho de 1992, o cineasta atravessa um novo momento de desesperança e escreve: "Sinto outra vez esta velha sensação de falta de confiança em mim mesmo. O que sou? Um escritor, um diretor, um produtor?"
Naquela época, enquanto preparava o roteiro de "Drácula", Coppola se dava contra de sua ambição e escrevia: "Sou muito ambicioso, muito, muito para minha paciência e capacidade de trabalho".
Coppola também se impacientava com seu desconhecimento do perfil do público cinematográfico e assegurava não entender muito bem o que ele pensava e os motivos de sua ignorância.
"Talvez seja porque eu não veja bastante televisão. Quem sabe não é este o motivo pelo qual perdi o contato com a cultura popular", questiona-se o diretor.
Em agosto de 1992, Coppola tem uma crise durante as filmagens de "Drácula" e escreve em seu diário que descobriu que os tempos e as maneiras de trabalhar na indústria cinematográfica não são os dele.
"Quando eu era jovem, gostava dos filmes de Hollywood, mas não queria fazer filmes como aqueles. O que eu queria era fazer filmes de arte, filmes europeus, como Ingmar Bergman, com poucos colaboradores que se conheçam bem. Dessa forma é possível não ser digerido pela indústria", sentencia.

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