São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
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Estradas de Fleury serão investigadas

DA REPORTAGEM LOCAL

Estradas de Fleury serão investigadas
Ministério Público determina apuração de obras que custaram até 3,4 vezes acima dos valores de mercado
O Ministério Público de São Paulo determinou ontem a realização de investigações em contratos do governo Fleury para obras de estradas no interior do Estado.
A Folha revelou, há dois meses, que os preços das obras estavam até 3,4 vezes acima dos valores de mercado.
Em despacho publicado ontem no "Diário Oficial" do Estado, o MP autorizou o início das apurações. O caso dividia os componentes do MP. Uma votação no Conselho Superior do Ministério decidiu, por seis votos a cinco, o início das apurações.
A possibilidade de investigar os contratos, segundo apurou a Folha, esbarrava na resistência do procurador-geral de Justiça, Emmanuel Burle Filho, escolhido para o cargo pelo governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB).
CustosEntre as obras questionadas, a que mais chama a atenção é o caso da rodovia que liga os municípios de Matão a Bebedouro (a 383 quilômetros a noroeste de São Paulo).
O contrato para a duplicação dos 88 km da estrada prevê gastos no valor de US$ 405 milhões. Isso signica que para fazer cada quilômetro da obra o governo gastaria US$ 4,6 milhões.
Esse custo é muito elevado, em comparação com os preços praticados hoje no mercado. Serviço semelhante, como a duplicação da rodovia Fernão Dias (que liga Minas a São Paulo), foi contratado recentemente por US$ 1,35 cada quilômetro.
As obras da Matão-Bebedouro são tocadas por um consórcio das seguintes empreiteiras: Queiroz Galvão, OAS, Tratex, S/A Paulista, Triunfo, Sanches Tripolini, Carioca, Encalso e Mendes Junior.
Além das investigações do MP, o governo paulista é questionado também pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado), que pediu explicações sobre o preço das obras ao DER (Departamento de Estradas de Rodagem).
Diante da situação que enfrenta, o governo pode rever os contratos. O secretário de Transportes de São Paulo, Antônio Marcio Ribeiro, disse que existe a possibilidade de redução na tabela de custos das rodovias.

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